domingo, 29 de novembro de 2009

O HOMEM E O UNIVERSO

Por Armando de Oliveira Caldas
Enquanto estamos em uso de nossas faculdades mentais podemos questionar a vida. Muitas vezes deixamos tudo o que conseguimos descobrir ou solucionar impresso em inúmeras páginas. A principal finalidade é mostrar que num determinado tempo participamos da existência. Esta participação muitas vezes nos proporciona a imortalidade.
O fato de querermos saber sempre mais pode nos levar até para fora dos limites da nossa própria Terra.
Neste caso compomos mistérios ao invés de desvenda-los. Por exemplo, olhar o céu à noite pontilhado de estrelas, temos que admitir que cada uma, grande ou pequena ou quase invisível é um “sol” maior ou menor que o nosso. Neste ponto temos uma realidade, mas é apenas isto? A imaginação pode nos dizer que uma ou mais carregam famílias de planetas. Coloquemos então vida em algumas.
Obviamente os viventes de outras estrelas não podem vir até nós. Porém nada nos impede de abordarmos um planeta (imaginário) bem semelhante a Terra, cujo sol faça o mesmo papel do nosso.
Com uma hipotética nave podemos nos aproximar da superfície e pode ser que apenas exista um mundo primitivo, selvagem com todas as possibilidades para a vida, mas sem nenhuma civilização.
Portanto, podemos vagar pelo cosmos até encontrar a vida como a conhecemos em algum lugar.
Nessa longa viagem poderemos ver formas inteligentes totalmente diferentes da que existe em nosso habitat. Como também pode acontecer ao contrário e encontrarmos um mundo organizado.
Não devemos ser únicos na imensidão, isto também requer o uso de nossa imaginação.
Quem sabe poderemos obter respostas: o homem no universo também agirá como nós, com todos os defeitos e acertos?
Lá fora será do mesmo jeito?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

NOSSO MUNDO PEQUENO

Muitas vezes nos apegamos ao conteúdo de nossas mentes, transformando em tragédias íntimas os nossos problemas. Isto não deixa de ser uma limitação de nossas possibilidades.
A superação deste tipo de situação está em nós mesmos. Não nos entregarmos ao sabor de nossa fantástica máquina cerebral sem contestação. É necessário combatermos a visão curta que por vezes se encalacra dentro de nosso cérebro.
Necessitamos raciocinar com lógica, procurando sempre o horizonte distante, livre de nossas imperfeições. O mundo pequeno não é caminho para nenhuma solução. Ela está no exterior, direcionada para o que acontece além de nosso corpo.
Quantas vezes paramos e não enxergamos o que está frente aos nossos olhos. Pura perda de tempo.
Se abrirmos a janela e observarmos os pássaros, as árvores, os transeuntes, estaremos dando um enorme passo para evitarmos as armadilhas que nós mesmos preparamos para nossa mente, evitando muitas inverdades que apenas nos trazem angústia. Livrarmos deste mal é imperativo para a boa vivência.
A excessiva preocupação com nossos problemas não traz benefícios, apenas nos levam às tensões. A calma e a tranqüilidade são caminhos seguros para nos mantermos ativos e prontos para usufruir a vida em toda sua plenitude. Diante de situações que nos pareçam desagradáveis sempre o bom senso deverá nortear nosso raciocínio. A alegria é o importante degrau de certas fases que vez ou outra perturbam nosso direcionamento para as boas coisas que muitas vezes estão muito próximas.
Se pudéssemos ser eternas crianças encontraríamos a forma ideal da existência. Rir e brincar com as coisas que nos parecem difíceis é um fator importantíssimo para nosso dia a dia.
Não somos donos do mundo, tão pouco devemos julgar que nada representamos dentro dele. Podemos criar e fazer muitas coisas, não importa nossa idade.
A idéia desta mensagem é levantar nosso humor diante de tudo aquilo que julgamos desencontros com a vida que nos propomos.

domingo, 30 de agosto de 2009

NOVA TERRA

Há anos elaborei um livro onde imaginei a Terra sendo destruída e parte da população seguindo a caminho de um novo lugar para viver.
Uma história que provavelmente nunca vai acontecer, mas que nossa imaginação é capaz de tecer todos os acontecimentos.
O objetivo seria Alpha Centauri (A-B), onde haveria um planeta semelhante ao nosso mundo.

http://www.youtube.com/watch?v=jNoRThczj1M&feature=channel
Esta idéia não está muito longe de uma possível realidade, com um pouco de paciência seria oportuno observarem o youtube acima, aonde a idéia da existência de planetas orbitando o conjunto Alpha possa ser uma das opções futuras. É a estrela mais próxima de nosso Sol, nossa vizinha. Astronomicamente está apenas a 4,5 anos luzes de distância.
Se o homem vier a descer num dos planetas verá dois sóis, existe um terceiro mais distante e frio. Porém, é oportuno nos situarmos apenas entre Alpha A e Alpha B onde planetas pequenos talvez os orbitam, visto não haver indício de gigantes como júpiter. Possibilitando serem encontrados globos bem parecidos com o terrestre e provavelmente sólidos. Dependendo da distância que pelo menos um deles estiver da fonte de luz, a nova Terra poderá estar lá.
Mais de 300 planetas extra-solares já foram encontrados, mas até hoje apenas os gigantes foram detectados.
O empenho da astronomia em encontrar um planeta semelhante à Terra obviamente tem a finalidade de localizar algum lugar onde no futuro ainda distante possamos lançar nossas sementes. No sistema solar apenas a Terra pode ser habitada, mas diante da infinidade de estrelas existentes talvez tenhamos uma enorme quantidade de “terras” a nossa espera. Porém, como chegar até elas?
Viagens na velocidade da luz apenas fazem parte da ficção científica. Na idéia que apresentei em meu livro, grandes rodas permitiam a existência de gravidade, pequenas vilas e um ambiente para possibilitar que gerações fossem capazes de manter a vida pelo tempo suficiente para chegarem até à estrela mais próxima e, lógico estavam certos. Durante 500 anos estiveram no vazio sideral. Pequenas cidades onde até plantações existiam e toda infra-estrutura para manutenção dos habitantes, limitada por um controle rigoroso de natalidade.
Pelo fato de existirem bilhões de estrelas, podemos supor que a grande maioria possua planetas, mas talvez seja muito difícil encontrar o que esteja dentro de uma área habitável, ou melhor que possua água e temperaturas iguais as nossas.
As tentativas por radiotelescópios apesar do tempo que já é pesquisado ainda não tiveram respostas. Temos que aguardar.

domingo, 26 de julho de 2009

COMO VIVER FELIZ

É uma pergunta que muitos pensam saber responder, mas na realidade nem sempre o que dizemos reflete o que pensamos.
A busca da felicidade deve ser uma constante. Vencer momentos desagradáveis é a maior tarefa que temos.
A tendência humana é supervalorizar as aflições, mas com sabedoria podemos limita-las e tudo fazer para elimina-las. Uma das atitudes é observar a vida ao redor, ver a alegria que brota nos semelhantes e acabar com a agonia, pois não vale a pena nos prendermos dentro de uma redoma com nossos problemas. Nunca baixar a cabeça e deixar que os fluxos negativos permaneçam. Uma risada vale muito mais que remédios para fugir das frustrações. Há muito espaço para não julgarmos o mundo cruel. Temos sempre que dar um basta nas recordações, deixando o passado desaparecer e viver o presente.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A FUGA

Fugimos de muitas coisas, mas dizer que de uma festa, parece absurdo. Porém foi o que aconteceu. Uma grande festa, tradicional, procurada e esperada o ano todo. Com certeza um caso isolado, mas já no primeiro dia já não conseguia suportar o barulho. Pedi asilo para minha filha, afinal queria o silêncio.
Estou esperando o término do grande alvoroço na minha cidade para poder voltar. Afinal, passar noites sem dormir ouvindo um turbilhão de sons era para mim torturante.
Aqui na casa de minha filha consegui um alívio total.
Fiquei então pensando no porque do exagero. Lógico que música é até um alimento para a alma, mas quando existe excesso não pode ser normal. Pelo menos minha cabeça não está preparada para aceitar uma semana de tanta exibição acústica.
Uma pessoa idosa necessita de mais calmaria principalmente para dormir. O volume de veículos, os altos falantes no máximo parecem procurar o labirinto e concentrar-se dentro dele. O que fazer? Agüentar?
Não queria ser tão velho ao ponto de reclamar.
Durante toda minha vida procurei acompanhar a evolução natural da juventude, entendendo claramente os comportamentos dentro de cada época. No momento fala-se muito no respeito ambiental, mas na prática isto não vem acontecendo.
O meu tempo ainda não passou, ainda faço parte de comunidade, então digo:
--- É necessário um maior controle nos grandes eventos – MENOR BARULHO.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Vida e a Política

Podemos dizer que a vida é passageira, mas é através dela que damos os passos para alcançar nosso lugar neste mundo. Adquirimos nossa sabedoria, traçamos planos e mais planos até encontrarmos o que achamos ser nossa plenitude.
Ser livre nos pensamentos sempre respeitando a posição das outras pessoas. Impor idéias nem sempre é o caminho ideal.
Neste sentido vamos encontrar os grandes desencontros de nossa atualidade, onde uma grande maioria dos pensamentos é emanada pelos meios de comunicação. Filtrar tudo que ouvimos é uma necessidade cada vez maior em nossos dias.
Quantas vezes repassamos coisas repetidas pela grande mestra a TV, sem ao menos examinarmos se aquilo que estamos dizendo realmente é o correto. Existem umas enormidades de falhas que induzem ao pornográfico, até ao crime. Todo cuidado é pouco diante até das brincadeiras. A repetição insistente de slogans oferece muitas vezes uma nociva lavagem cerebral.
Mensagens políticas são confeccionadas visando a mente dos telespectadores e na maioria das vezes são apenas frutos de interesse de candidatos. No correr deste ano e principalmente no próximo teremos uma verdadeira batalha de palavras. Já cansamos de ver isto acontecer e ainda somos lesados em nossas escolhas.
Uma verdadeira indústria é montada para mostrar um homem ou mulher inegavelmente perfeita. Cuida-se da aparência, da forma de exprimir diante das câmeras, inclusive dos textos. Nada passa desapercebido pela equipe. O que podemos fazer diante disto?
Parece que não temos resposta, mas se a inteligência está sendo utilizada, temos que convir que as pessoas frente aos vídeos também podem utilizar a delas. Como? Observando a origem, o passado, o enriquecimento ilícito e muito mais.
Apesar da decepção o Brasil é uma grande Nação, capaz de superar obstáculos e de nos fornecer uma visão futura magnífica. Temos que adotar o típico modo mineiro: CONFIAR DESCONFIANDO

História e Vida

Fazer história é uma responsabilidade que parece se perder com o tempo. Não vemos mais as crianças empenhadas em acompanhar os acontecimentos que poderiam trazer alívio e até uma mudança radical de comportamento futuro. Será de minha parte um atraso na realidade?

Um pouco de ufanismo sobre as nossas coisas nunca será demais. Raramente a juventude se prende às boas realizações de nossos antepassados e, quando isto ocorre sempre existe alguém a contradizer fatos, a menosprezar nossas ações. Não precisamos ser superpatriotas, a idolatrar super-heróis, mas no mínimo nunca criarmos anti-heróis. A principal força de uma nação está na crença sólida de amar a terra onde nasceu.

As atuais regras de conduta já influem muito negativamente em nossos dias, permitindo uma liberdade excessiva, como se isto fosse uma forma preestabelecida e as causas se mostram cada vez mais perniciosas.

Nada mais justo que homens e mulheres trabalhem, no entanto os filhos não podem sofrer descaso. A criança deve continuar a receber especial zelo, muito mais do que nos tempos antigos. A mãe criava e o pai cortava algumas arestas, era simples, mas funcionava.

O homem passou a ser fruto das experiências do dia a dia. Nem sempre encontram o lado correto de viver. É óbvio que o jovem de hoje será adulto amanhã, mas qual a sua real maturidade? Trilhar o caminho das drogas, da honestidade, da decência pensará no futuro seguro para os filhos? Já não temos mais condição de estabelecer um percentual tranqüilo. É simplesmente terrível vermos jovens serem encaminhados pela polícia, simplesmente porque suas mentes não foram bem formadas. Será sempre assim, ou quem sabe a sociedade ainda resolverá o problema!
Esqueceram das crianças! São meninos e meninas sem fixação de um caminho. Colocados num mundo hostil, culpa só dos pais? Hoje esta questão é controvertida, como consertar o errado? Os chamativos bens de consumo atacam sem piedade os pobres, querem também usufruir confortos, muitas vezes acima de suas possibilidades.
Bem, mostrar falhas e erros é a maneia mais fácil de escrever, ou melhor, de criticar. O que necessitamos é encontrar caminhos para recuperação da juventude e porque não dizer o de muitos Barbados.

Há alguns dias ao fazer compras em um supermercado deparei com uma cena que me chamou a atenção. Dois jovens com idade não maior de 16 estavam parados perto de uma banca enquanto um fiscal lhes advertia. Um deles respondeu:

__ Estamos só olhando! Em seguida saíram.
Quanta história poderá estar por trás dessas simples palavras!
Um fato que bem dá para refletir nossa época.
Pode ser que ali nasceram dois marginais admitindo-se que não fossem.
A orientação tem que partir dos pais, dos professores muito antes dos caminhos que seguem nossa juventude.

Corrupção

NOTA DO AUTOR:
Escrevo contos de ficção científica e crônicas diversas porque gosto de colocar no papel meus pensamentos. Dificilmente publico meus trabalhos.
Ao selecionar alguns deles, encontrei uma crônica que escrevi em 2001, me surpreendi, parecia que a tinha feito hoje.
Pensei então:
--- Como é desgastante observar que TUDO CONTINUA!
Os noticiários na TV não mudaram, tornando-se até incomodo para os telespectadores. São acusações que nunca acabam, a maior parte, acredito, visando o resultado das próximas eleições.
O melhor caminho para os políticos mostrarem suas capacidades não é denegrindo a imagem de outros e sim mostrando suas ações benéficas tais como:
--- Apresentei o projeto número “X” que vai acabar com a miséria! Etc., etc., ...
Coisas que os eleitores possam sentir que elegeram a pessoa certa. Oposição e governo deveriam estar sempre unidos para o bem comum, não com dilacerantes mensagens negativas. PATRIOTISMO é a palavra chave.
A mídia por sua vez não deveria fazer tanto alarde, o que não significa calar diante dos acontecimentos.

Vejamos o texto que elaborei há oito anos:


CORRUPÇÃO

A gente pensa que vive numa época de grandes conquistas, afinal já existe tecnologia adiantada. Freqüentemente novas descobertas são anunciadas. Parece até que o mundo atingiu o auge.
Pura utopia.
A evolução humana não é apenas ciência, padrões de comportamento deveriam estar associados.
Veja a decadência do ensino, corrupção onde existe dinheiro, banditismo, excesso de liberalidade da juventude e as drogas.
Muita coisa poderia ser escrita sobre tudo que é errado, mas vamos raciocinar apenas sobre uma das situações: - a corrupção no Brasil.
Quase não passa um dia onde manchetes anunciam desvios do dinheiro público.
Um termo comum – CPI – está convivendo conosco. Parece que os políticos não têm outra coisa a fazer. Isto nos faz pensar:
--- Será que os membros que integram cada investigação também nada devem?
São tantos os casos que a palavra político tornou-se pejorativa.
Uma dúvida sobre quem diz a verdade está prevalecendo em nossas mentes.
Como votar?
A honradez foi desvirtuada. No entanto, há de se convir que ”sabe-se lá” desde quando as falcatruas imperam, pode ser que desde os tempos do Brasil Colônia.
Será que estamos evoluindo? Agora pelo menos os nomes estão aparecendo.
O homem honesto: que não trapaceia, que paga suas contas com o fruto de seu suor nunca toma o que não é seu. Ele se entristece quando sabe que seu voto colocou no poder um alguém que o decepcionou, principalmente quando fez uso indevido do dinheiro público.
Como é degradante a soma de tais fatos!
Ninguém fica rico da noite para o dia, mas muitos contradizem esta ótica e geralmente são políticos.
Não seriamos uma nação melhor situada se os investimentos públicos fossem realizados sem os superfaturamentos? Sem os desvios constantemente denunciados?
Os políticos antes de galgarem os degraus do poder deveriam ser aprovados por uma FACULDADE COM VÁRIOS ANOS DE ENSINO, durante os quais seriam estabelecidas três etapas:
1 – PATRIOTISMO, capacidade de liderança e sabedoria:
2 – PERCEPÇÃO do seu papel no poder e
3 - Aprendizagem sobre HONESTIDADE.

Crianças e Adolescentes

Aparecido Medeiros possui mais de sessenta anos, durante toda sua vida vem dedicando-se ao ensino. Possui uma enorme bagagem didática e percebe claramente o caminhar de nossas crianças e jovens.
Com a implantação do Estatuto da Criança e Adolescente, por sinal muito oportuno, algumas coisas não seguem na vida real uma direção para melhor. Fala-se muito na proteção do menor, que é louvável, mas em contrapartida pouca coisa ou quase nada é dito com relação às obrigações do mesmo.
Hoje a nova geração conhece muitas regras sobre os direitos, sendo comum qualquer criança ou adolescente logo se impor ditando normas.
Isto tem causado problemas nas escolas e nas famílias. É óbvio que mestres do ensino e membros da sociedade venham procurando corrigir a falha.
Sempre haverá a modernidade, mas a forma de viver precisa seguir padrões rígidos para que a sociedade como um todo possa ter as condições necessárias de equilíbrio.
O proposto pelo Sr. Aparecido é fruto de sua experiência. É necessário conscientizar nossas crianças sobre suas responsabilidades.
Conversando, me disse que nem tudo está no texto. Para exemplo: - “muitos dos alunos rebeldes, criadores de casos, têm problemas familiares. Geralmente não possuem uma família unida, são filhos de pais e mães separados que vivem com homens ou mulheres diferentes”.
Continuando, observou que tem encontrado solução para tais situações. – “Geralmente converso com eles o seguinte: Você tem sua vida, um dia constituirá família. A vida de seus pais não é a sua, portanto deixe seguirem o caminho deles e se preocupe com você. Nunca se sinta menor ou discriminado pelo fato, ... “.
Uma palavra de conforto, uma orientação é necessária para muitos jovens que nunca tiveram a oportunidade de discutirem seus problemas.
Armando de Oliveira Caldas
06-11-2005

Heróis

POR QUE SUPER-HERÓIS AMERICANOS E ANTI-HERÓIS BRASILEIROS?

É muito simples a resposta: elevações literárias que denigrem nossa nacionalidade apoiada pelos meios de comunicação.
Personificações negativas penetram nossos lares mostrando muitas vezes um lado nada dignificante para nosso povo. E os aplausos acontecem!...
Houve até um filme sobre nossos pracinhas que irritou muito os soldados vivos que lutaram na última guerra. Por que fazer isto?
Ninguém é diferente de ninguém. A massa encefálica de cada ser humano é igual, portanto a capacidade de raciocínio é universal. Verdade seja dita: a falta de recursos influencia a formação intelectual e provoca disparidades entre uma nação e outra. No entanto isto não quer dizer que mesmo pobre não alcance conhecimento e respeito.
Quanto ao nosso país, para quem já viveu bastante, pôde participar de orientações elevadas. O civismo nas escolas fazia parte de uma rotina e o orgulho de ser brasileiro era parte de nós.
O tempo passou e coisas erradas começaram a mudar comportamentos.
Um apego ao importado, objetos, musica, filmes e literaturas extraíram raízes nacionais direcionando-as para mundos diferentes. Por outro lado, no momento está havendo muita recuperação, mas há poucos anos era comum o desprezo ao produto nacional: - “é brasileiro? Não presta”. Tudo isto deu guarida a uma deturpação de princípios, parecendo nada significar a imensidão continental do Brasil, conseguida com muita luta por nossos ancestrais.
Como parâmetro, observemos o comportamento norte-americano diante de sua história. Até hoje os super-heróis não só fazem parte da vida naquele país como invadem todo o planeta. Criaram uma afirmação positiva na formação cultural deles.
A principal forma de criarmos ou revertermos nossa mentalidade é passarmos a repudiar tudo aquilo que nos coloca em posição inferior, tais como, programas de TV que mostrem nosso lado negativo através das anedotas ou em outros tipos de apresentações.
Mestres do hilário abusam, até um “vampiro brasileiro” foi mostrado relaxando conosco e demos risadas. Outro, o “brasilino” era pura chacota nossa e demos risadas.
E quantas vezes rimos de nós mesmos. É uma piada, dirão, no entanto em cada uma delas lá se vai um pedacinho de nossa dignidade.
A comicidade é uma arma perigosa. Aparentemente inofensiva diz inverdades que na maioria das vezes atingem a formação jovem.
Assim, quando vemos a projeção de macunaíma como símbolo do brasileiro, isto é muito pejorativo e não condiz com as lutas dos nossos antepassados para nos oferecer um território tão grande. Não condiz com os Bandeirantes. Com médicos brasileiros que percorrem a Amazônia de aldeia em aldeia levando cura a diversas doenças de nossos índios. Não condiz com a coragem dos homens castigados pela seca no nordeste. Não condiz com os soldados do exército que protegem nossas fronteiras. Não condiz com a luta de homens e mulheres em toda nação que buscam melhorar a existência. Poderia desfilar uma seqüência interminável de setores onde estão inúmeros super-heróis.
Ao invés de criarmos anti-heróis, por que não simbolizarmos realmente um super-herói brasileiro?
Além do futebol, um dos grandes vínculos nacionais, temos condição de mostrar ao mundo a face de um imbatível homem brasileiro, capaz de superar tudo e vencer na dignidade, na fé, na força, na cultura e na ciência.
29-10-05

Companheiro de Viagem

Numa viagem para o Sul encontrei um enigmático companheiro de viagem.
Tão logo tomei o ônibus um rapaz bem mais novo que eu, aparentando cerca de trinta anos, cabelos pretos e com feição afunilada sentou-se junto a mim.
De forma natural puxou conversa, para minha surpresa fiquei sabendo seu nome, acreditem: Spoke da Silva. Dizia ter adotado na Terra tal nome e que estava visitando nosso país. Falava um pouco arrastado, tomei-o por nordestino.
Quase só ele falava:
--- Você não vai acreditar, mas sou o que vocês chamam de ET.
Fiquei quieto e ele continuou:
Minha estrela chama-se Xerxe e meu planeta é Sama.
Dando um pouco de corda, perguntei:
--- E onde está sua nave? Veio sozinho?
--- Minha nave está em órbita lunar, nosso grupo é de duzentas pessoas, viemos a passeio.
Logo que terminou de dizer, não agüentei, era dose demais:
--- Ora moço, você está abusando da minha paciência! É melhor parar com esta conversa senão vou ser obrigado a buscar outro lugar.
Sem mostrar nenhum constrangimento me disse:
--- Avisaram-me e eu esqueci, vocês estão num estágio muito primitivo. Pode ficar descansado, não perturbarei mais. Queira me desculpar, às vezes me sinto muito só.
Daquele momento em diante calou-se mesmo.
Comecei a me sentir um grosseiro, poderia ter deixado ele sonhar. Afinal loucos tem em toda parte, não custava dar-lhe crédito.
De qualquer forma as palavras dele ficaram martelando em minha cabeça. Ora, ora, disse que viera da estrela Xerxe, como se viajar de uma estrela para outra fosse possível. Depois, o nome dele, vê se pode? Spoke! Que absurdo. Mesmo na velocidade da luz ainda seria improvável.
Não sei porque, continuava pensando na mesma coisa.
Passamos cerca de quase uma hora em silêncio. Pensei então, não custa ver até onde vai dar a conversa, ou melhor, a loucura dele. Então interpelei:
--- Spoke, você disse que veio passear na Terra. Como vocês fazem? Mesmo que estejam na velocidade da luz, quando voltar, muito tempo já passou em seu planeta.
--- Não é bem assim Januário. Vou mostrar-lhe um exemplo aqui da Terra. Li alguma coisa sobre o passado de vocês, ainda bem recente utilizavam animais para se locomoverem e hoje aviões, ônibus e outros meios. Antes das invenções, vocês teriam dito que seria impossível evoluírem a tal ponto. Calcule então o que acontecerá nos próximos mil ou dois mil anos.
A civilização evoluída de nosso planeta já conta com dez mil anos e acredite, ainda continuamos descobrindo caminhos.
--- Bem, vou entrar na sua. Diga-me o porque de seu nome.
--- Sou o que vocês chamam de estudante. Entre os trabalhos que recebemos estava o de encontrarmos mundos desenvolvidos. Assim, direcionamos nosso “radar” para diversos planos espaciais. Nos surpreendemos com imagens que recebemos de seu planeta. Vimos uma grande nave vasculhando o espaço, inclusive mostrando o dia a dia interno. Não sabíamos que se tratava de ficção. Com um pouco de trabalho conseguimos traduzir o que diziam os tripulantes e um deles chamava-se Spoke, gostei do nome e o adotei quando vim para este mundo.
--- Mas Spoke, o que me diz é fora de cogitação, uma transmissão da terra levaria um tempo tão grande para chegar em qualquer estrela que me parece impossível você me dizer isto.
Spoke me olhou com certa recriminação e me respondeu:
--- Já lhe disse sobre nossa evolução. Se fosse lhe contar sobre tudo que podemos fazer, julgar-me-ia um demente total. Por exemplo, se você pudesse viver milhares de anos e se a Terra mantivesse evoluindo sempre, perceberia que não há limites para a ciência.
--- Está bem Spoke, mas para onde vai quando chegarmos em Curitiba?
--- Vou me reunir com os companheiros e à noite embarcaremos em um pequeno transportador.
No restante da viagem nos acomodamos e a conversa foi pouca.
O ônibus parou na rodoviária, desci e ele também, nos despedimos e seguimos para rumos diferentes.
Tomei um táxi e fui para um hotel. No apartamento, após um banho desci para o refeitório.
Depois de jantar, estava cansado e resolvi voltar para meus aposentos, antes de deitar abri a janela, logo vi um céu estrelado e limpo. Tive então a maior surpresa de minha vida: um óvni, isto mesmo, um objeto voador, não era um avião, em baixa altura, suficiente para que pudesse defini-lo com precisão. Não duvidei mais do meu companheiro de viagem, tenho certeza, passou propositalmente perto de onde eu estava.

Estranho Caso - Conto

O colega de trabalho de Samuel não estava bem. Vivia contando uma história muito estranha, sem nenhum sentido. Até que o amigo o advertiu:
--- Miranda, você não pode ficar falando as coisas que vem afirmando, acabará junto com seus pacientes.
--- Mas é verdade, você conhece o Garcia. Ele desapareceu na minha frente. Não estou doido, não! É verdade!
Samuel dando certo crédito ao amigo resolveu confirmar o fato. Anotou o nome: Antonio Garcia. Não se lembrava dele. Em seguida procurou na recepção os dados do mesmo. Nada encontrou. Voltou então a conversar com Miranda.
--- Miranda, não está registrado, você tem certeza?
--- Mas claro Samuel! Peguei a pasta dele, fiz anotações. Marquei os remédios que deveria tomar e ele estava no quarto 53.
--- Miranda, o paciente que você fala nunca deu entrada neste hospital.
--- Não é alucinação! Disse bravo o Doutor Miranda.
Samuel logo percebeu que estava diante de um problema e, com muito cuidado, disse:
--- Miranda, sei de alguns comentários, mas ainda não entendo, confie em mim, me conte tudo. Só espere um pouco, vou ter que ir à recepção, mas já volto.
--- Vai, eu espero, preciso desabafar. Respondeu Miranda que se recostara no divã.
De fato, Samuel foi até lá e chamando Silvia lhe disse:
--- Desmarque todos os meus compromissos para hoje, vou estar no meu gabinete com Miranda. Não quero ser interrompido.
Retornando à sala, pediu para o amigo relaxar e relatar os fatos.
--- Bem Samuel, vou confiar em você.
Venho cuidando de Garcia à cerca de um mês. Tudo levava a crer que o que me dizia era uma paranóia. Falava que visitava mundos fantásticos, dava nomes de estrelas, da forma de vida existente. Contava sobre animais que nunca imaginei. Fantasia após fantasias, assim pensava.
Eram até fascinantes suas histórias.
Dando-lhe corda, perguntei como se locomovia para visitar as estrelas. Para lhe ser franco, acabei me envolvendo em suas narrativas. Daria um fantástico livro de ficção.
--- Também estou curioso, como ele fazia?
--- Viu! Até você se interessou.
Bem, ele disse que usava o crenomo, uma espécie de veículo ou armadura, e queria que ele não viesse mais, pois era forçado a entrar naquilo. Quase ri, mas ele ficou muito sério. Procurei lhe dizer que era fruto de sua imaginação, que tal coisa não existia.
O Dr. Samuel tendo sua curiosidade aguçada pediu:
--- Conte-me pelo menos uma das histórias de seu paciente.
--- Vou lhe contar uma delas, foi antes de ficar nesta situação.
Garcia estando em Dakon, um dos planetas mais mencionados por ele, me disse ter sido liberado para conhecer os habitantes e o modo de vida daquele estranho mundo. O planeta possuía uma temperatura amena, a estrela que fornecia o calor aparentava ser menor que o sol e a claridade era inferior à nossa. O verde estava em todo lugar, um musgo parecia cobrir a terra toda, as árvores apresentavam um tipo de folhagem caída, mas eram abundantes. Andou por aqueles campos, sentiu que eram tristes, em contraposição com os seres de lá, muito alegres. As noites eram rápidas, mas os dias longos.
--- Mas e os viventes de lá? Interrompeu Samuel, curioso.
--- Segundo Garcia, não eram altos, mas muito faladores. Possuíam uma certa semelhança com os humanos, braços, pernas e cabeças grandes da qual descia uma espécie de carapaça até metade das costas. Usavam roupas pesadas, com certeza para eles o local era frio. Sobre o tampo da cabeça havia cabelos negros e a pele era esverdeada como a acompanhar o panorama. Não viu estradas, nem ruas, mas se locomoviam em coisas que pareciam botes, muitos velozes, sempre um pouco acima do solo. Não viu cidades, mas casas distantes umas das outras. Todas iguais, em formato de esferas e também verdes. Interessante que raramente via cores diferentes. A curta noite, no entanto, oferecia um festival de tonalidades. Duas luas e um fundo muito estrelado e o horizonte que parecia formar o que chamamos aqui de aurora boreal.
Naquele estranho mundo ninguém parecia se importar com a presença de Garcia, somente não conseguia se comunicar com os nativos.
Envolvi-me de tal maneira, que perdia tempo nas consultas. Sempre levando tudo aquilo como fruto de uma imaginação fértil e doentia de meu paciente. Ele me contava tudo nos mínimos detalhes.
--- Mas como ele fazia essas viagens Miranda? Perguntou Samuel cada vez mais entusiasmado.
--- Pois aí é que está o problema! Não posso nem imaginar.
Sempre quando terminava a consulta, saia normalmente pela porta, mas na última vez levantou-se da cadeira e desapareceu na minha frente, foi ficando transparente e sumiu. Meu coração disparou, senti que estava falando com um fantasma. Ainda mais eu, que, como você sabe não acredito em nada.
--- Que coisa incrível Miranda, estou propenso a acreditar em tudo o que está dizendo. Vou lhe pedir apenas um grande favor, não conte mais para ninguém. Vou lhe tirar dessa situação, mas preciso de sua ajuda. A principal é a que acabei de lhe falar. Já entendi tudo e no seu lugar teria agido até pior que você. No meu relatório vai apenas constar que houve um mal entendido, mas vou querer conhecer tudo lá fora. Você deve ter muito mais coisas para dizer e estou curioso. Vamos tirar uma pausa para o almoço e depois continuaremos.
--- Que ótimo amigo, estou precisando disto! Até que enfim vou sair desta agonia que não me deixa dormir e nem me alimento direito.
Ambos deixaram a sala e partiram para o restaurante da clínica.
Depois da refeição voltaram para o consultório.
Miranda já ia deitando-se no divã, quando Samuel lhe disse:
--- Miranda, a pesquisa clínica já terminou. Você não tem nada, mas quero saber tudo sobre o assunto.
--- Quanto me agrada ouvir isto de você. São tantas as coisas que Garcia me disse que até faço confusão. Vou lhe contar como foi o início dos problemas dele.
Segundo me disse, morava numa pequena fazenda do interior de São Paulo. Seu trabalho era de administrador de produção de uma área de plantio de algodão. Residia com a esposa e dois filhos ainda pequenos numa das casas para empregados. Certa noite, muito quente, resolveu dar uma volta pelos arredores, quando notou uma espécie de estrela cadente riscando o firmamento. Em seguida viu uma forte claridade nas proximidades e foi olhar mais de perto. Andou uns quinhentos metros e, de repente, contra sua vontade se viu levado para dentro de um grande objeto esférico.
Ficou muito assustado, mais ainda quando estranhos homens que lembrava os chamados Ets se aproximaram falando normalmente e lhe disseram:
--- Necessitamos de uma cobaia humana e você serve.
Com um terrível medo, mal balbuciando as palavras, perguntou:
--- Vão me matar?
--- Não, você conhecerá coisas que nunca imaginou. Viajará pelas estrelas, terá uma vida muito longa, mas nunca mais voltará para a Terra.
Garcia ficou até feliz por saber que não lhe fariam mal.
Até neste ponto da história julgava-o paranóico. Mas como sabe, nossa profissão é ouvir o paciente ao máximo para encontrarmos a solução. Então continuei:
Garcia, por que queriam você como cobaia? Explicaram?
--- Sim, disseram simplesmente que em planetas do tipo da Terra eles não podem descer, que já haviam tentado isto, mas que foi desastroso, inclusive devido a um terrível vírus que não conseguiram controlar, visto serem diferentes das espécies que habitam planetas rochosos.
--- Então você não esteve no planeta deles? Perguntei.
--- Da mesma forma que eles não podem andar pela Terra, com certeza eu também não poderia descer onde vivem.
--- Mas como então eles entraram em contato com você? Tornei a perguntei.
--- Eles não me tocaram, estou vivendo dentro do crenomo desde o primeiro instante, mas não sabia.
--- E no momento Garcia, onde está este tal de crenomo?
--- Doutor, você não pode vê-lo, deixei lá fora antes de entrar aqui.
--- Não pode escapar agora? Perguntou Miranda.
--- Não ele vai atrás de mim e sou chupado para dentro, ele me controla. Para lhe ser franco, nem sei o que sou. Da forma que você me vê eu também me vejo.
--- Por que veio aqui? Por que não vai ver sua família?
--- Sou parte da máquina, assim penso. Apenas saio dela quando me permite.
--- Bem Samuel, achava tudo isto uma tremenda de uma idiotice.
--- Entendi Miranda, continue a contar sobre os planetas.
--- Bem, continuemos com as palavras de Garcia.
--- Em vários lugares onde estive só existiam animais, em paisagens primitivas. Pelo jeito não são muitos os planetas habitados por seres inteligentes. Vários lugares são habitados por hominídeos de todos os formatos. Por vezes enormes, ora tão baixos que não passam de um metro. O planeta que mais me chamou a atenção possuía dois sóis e uma civilização avançadíssima. Chegaram a capturar o cremono e a ter contato com os seres que me encarceram nele. Houve entendimento porque depois, já estava de novo me aproximando de algum outro astro.
--- E como faz para se alimentar?
--- Desde que saí da Terra não como ou bebo nada, meu organismo é controlado pela máquina. Sei apenas que estou vivo e que não necessito de nada para viver.

O relógio do consultório de Samuel já marcava mais de l8,00 horas e a narrativa de Miranda não parecia ter fim. Foi quando o chefe da psiquiatria disse ao amigo:
--- Miranda, tudo que vem contando faz sentido, mas é tão fantástico! Ele não deixou algo, alguma coisa qualquer, pois todos os registros que falou não existem, nada para apoiá-lo.
--- Sim, tem razão! Havia me esquecido. Ele me presenteou com isto! E entregou ao amigo um pequeno cilindro de cerca de 5 centímetros de comprimento por 0,5 centímetros de diâmetro. Um objeto transparente igual a qualquer pedaço de vidro.
--- Mas isto é vidro! Samuel disse até irritado.
--- Então experimente quebrá-lo. É mais resistente do que qualquer coisa que já vi.
As horas haviam passado e a secretária Silvia já estava ansiosa, aguardava o chefe o dia todo. Nisto sua auxiliar que também esperava o médico para poder sair perguntou:
--- O que está fazendo o Doutor sozinho no seu consultório?
--- Não sei, só vi ele sair para o almoço e logo voltar. Respondeu Silvia.
--- Muito estranho. Disse Neide.
Para alívio de ambas, o Doutor Samuel saiu do consultório e fechou a porta, em seguida chegou até elas e perguntou:
--- Vocês viram se o Doutor Miranda saiu?
--- Quem é o Doutor Miranda? Retrucou Silvia.
--- Ora, vai me dizer que não o conhece! Era só o que me faltava!
--- Nunca o vi Doutor, é algum amigo seu?
O médico saiu correndo e as duas se olharam.
--- Será que o Doutor pirou? Você conhece esse tal de Doutor Miranda? Perguntou Silvia. --- Nunca vi tal médico. Vamos embora que já passou muito da hora de sairmos.

Máquina Maravilhosa

Agora o tempo passou, tenho na memória um fato incrível que me ocorreu e que até bem pouco não conseguia contar a ninguém.
Corria o mês de Janeiro de 1970. Tudo teve início na primeira semana, numa segunda feira.
Lembro-me muito bem. Como de costume, muito cedo fui para o quintal. Gostava de sentir o ar fresco da manhã.
Estava clareando, quando observando o chão vi uma caixa retangular, medindo 20 por 30 centímetros, parecendo um rádio ou algo semelhante. Logo pensei, alguém invadira minha propriedade e deixara cair aquilo.
Apanhei o objeto; quando o fiz, senti uma sensação estranha. Não era rádio, possuía vários botões e trës visores. Caracteres desconhecidos indicavam as funções; nunca havia visto coisa igual.
Meu trabalho começava às oito, portanto dava tempo de examinar o achado. Levei o Aparelho para uma velha mesa. Com muito receio, resolvi tocar nos botões. Apertei um e outro, nada aconteceu, mas quando toquei no primeiro da esquerda, na mesma ordem a primeira tela clareou como TV e logo a imagem: pequenas casas quase cobertas pela neve, uma cena parada, não fosse pelos flocos de gelo que caiam. Toquei então no seguinte e para meu espanto, de repente, fui transportado para aquele lugar gélido. Fiquei desesperado, sentia na pele o frio intenso, diante de mim uma vila que nunca soube onde era. Sem atinar sobre o que fazer, caminhei sobre a superficie gelada, afundando e escorregando, desnorteado. Sorte a situação ter-se logo desvanecido. Como uma cortina que se abrisse, estava de volta diante da mesinha e daquele aparelho. Tiritando de frio sacudi o gelo dos sapatos, o que me fez acreditar que não havia sido um sonho.
Depois do ocorrido, sequer voltei de imediato a colocar as mãos naquela coisa. Continuei a observá-la a certa distância, receoso e precavido.
Estava ainda olhando aquilo e pensando, quando minha esposa gritou lá da cozinha:
— Chiiico!! Vem tomar cafééééé!
No mesmo instante, como por encanto o objeto desapareceu, simplesmente sumira.
Atônito, ainda tentei contar para Rita o fato, mas não conseguia, um bloqueio mental me impedia. Começava a falar e logo me esquecia do que ia dizer.
Antes de ir para o trabalho, voltei para o local onde colocara a máquina sem nada encontrar. Naquele dia não fui produtivo.
No dia seguinte, levantei-me antes da cinco e fui procurá-la. Para minha satisfação, lá estava, no mesmo lugar.
Tomando coragem, levei-a para perto de uma luz e pus-me a estudá-­la. Apesar de ser um objeto certamente de origem extraterrestre, não foi diflcil entendê-la. A explicação estava no terceiro botão. Ao tocá-lo, o segundo visor se iluminava e a Terra aparecia. Um pequeno sistema de controle permitia direcionar um ponto luminoso em qualquer ponto da esfera, conseqüentemente a primeira tela mostrava o local. Um outro contato regulava o tempo de permanência.
Não me apavorei mais, sabia o que fazer. Era a oportunidade que sempre havia sonhado, conhecer todos os recantos do mundo.
Foi um período inesquecível, cada dia conhecia um ou mais lugares. Controlava as viagens de forma a chegar sempre antes de ser chamado para o café e, por absurdo que pareça minha esposa nunca percebera minha ausência. Mas nem tudo ia bem, estava ficando obcecado, não me alimentava direito, dormia pouco e quase não conversava com ninguém.
— Chico, você está emagrecendo a olhos vistos, o que está acontecendo?
— Nada Rita, estou bem.
No trabalho, constantemente estava sendo advertido, O Supervisor do setor chegou a ameaçar-me:
--- Você está sendo relapso, sempre no “mundo da lua”, não tem medo de perder o emprego?
Responder o quê, ele estava com razão, mas não deixei de continuar a viajar, até que antes do final do mês, resolvi acionar os demais controles e descobri que poderia sair fora do planeta e chegar em outros sistemas.
Para isto, uma caixa transparente se materializava e dentro dela acabei conhecendo lugares estranhos, mundos hostis.
Habituara-me com a máquina, vi coisas que nenhum humano jamais poderá imaginar.
Algo me impedia de contar a quem quer que fosse as minhas aventuras. Mas tudo tem um fim, quando já sabia quase todas as funções do Aparelho, resolvi acionar a terceira e última tela. Assim, procurei por todas a formas e acabei conseguindo, o quadro se iluminou e apenas um X surgiu no visor, em seguida o objeto desapareceu e nunca mais reapareceu. Fora o fim daquela minha experiência.
No intimo achei bom ter acabado, pois a partir de então voltei para minha vida normal.
Somente agora é que consigo narrar os acontecimentos. Por esta razão todos estão preocupados comigo. Não me importo, quem quiser acreditar, que acredite.

Viagem ao Planeta Azul

Delta Pavonis está a 19,2 anos luz de distância da Terra, localiza-se na Constelação do Pavão, como o próprio nome indica. Mais de cinco vezes maior que nosso sol, referida estrela detém uma família numerosa de planetas.
A vida proliferava em Grim, décimo no sistema. Dois satélites naturais equilibravam oceanos e a natureza como um todo.
Aquele mundo estava num processo de acomodação de camadas muito perigosa e embora estivessem em altíssimo estágio tecnológico, nada podiam fazer. Muitas cidades já haviam desaparecido. Maremotos e terremotos eram freqüentes, o povo estava enlouquecido, era o fim. Tais acontecimentos vieram de surpresa. Apenas um grupamento de naves, não mais que cem poderia sair do planeta. Cada uma, também podia comportar no máximo cem pessoas contanto homens, mulheres e crianças.
Uma rápida seleção definiu os privilegiados.
O fim da raça era irreversível, mal dava tempo para os preparativos de embarque, assim com muita rapidez os escolhidos dirigiram-se para o local de decolagem.
Lotados os aparelhos, deixaram Grim para nunca voltarem.
Dez navios foram direcionados para a Terra, sob o comando geral de Molic.
O comandante não se conformava com a situação, tanto quanto aquele milhar de seres que o seguiam.
Em pleno vazio sideral e em formação os objetos eram os únicos a quebrarem a monotonia. Os meses passavam e o comandante se embrenhava no estudo da rota.
Pensativo, analisando todas as imagens obtidas em viagens anteriores, chamou sua esposa Irka, que logo se posicionou ao seu lado. Irka além de companheira chefiava e coordenava aquela sociedade em fuga.
--- Alguma novidade Molic?
--- Preciso dizer-lhe uma coisa que não sabe. Estamos indo para um planeta de gigantes, portanto habitado. A maior parte tem o dobro de nosso tamanho e isto me preocupa.
--- Por que então escolheu a Terra?
--- Eu não escolhi, recebi ordens. Depois não é fácil encontrar planetas semelhantes ao nosso. Cada grupamento foi para lugares que já visitamos.
Enquanto dava explicações à esposa passava e repassava as tomadas do planeta. Eram inúmeros os registros, feitos justamente para auxílio em momentos de descidas.
Podia ampliar ao máximo qualquer região. Foi durante esse processo que alertou Irka:
--- Veja, este local parece oportuno para nós... Olhe os habitantes!
--- Estou vendo, são de nosso tamanho, um pouco diferentes e feios.
--- Acho que vou programar as coordenadas de pouso para este local. Concorda?
--- Não sei! Algo me diz que não devemos nos aventurar.
--- Faz tanto tempo que procuro um bom sítio e até agora nada. Pelo menos estaremos no meio de seres parecidos conosco.
--- Você é o comandante, faça o que achar melhor.
Molic não pensou mais, chamou os técnicos e abriu comunicação com todo grupo, ditou os códigos e observou que logo encontrariam o portal para a Terra.
Depois de mais algum tempo em viagem normal, chegara o momento. Os computadores de bordo assinalavam o ponto de entrada.
À medida que passavam para a nova dimensão, os visores simulavam um caminho circular sempre afunilando. Por muito tempo a imagem era sempre a mesma.
Homens, mulheres e crianças ficaram num suspense total. Afinal o que iriam encontrar do outro lado?
O caminho terminara com o circulo se alargando e uma estrela muito brilhante foi surgindo, era o sistema solar.
O acontecimento não trouxe nenhum contentamento para os angustiados seres de Grim. Pareciam antever um mal presságio. Irka procurou amenizar, mas sentindo-se igual não conseguiu transmitir otimismo aos viajantes.
Bem, viram os planetas e chegaram frente ao belo mundo azul. As dez naves, todas programadas, nem orbitaram o novo lar. Em pouco tempo entraram numa região montanhosa e como a cumprir um ritual foram se apoiando no solo.
Silenciado todo o barulho dos retro-motores a população recém-chegada preparou-se para entrar em contato com o novo ambiente. Por sinal em nada diferente de onde vieram. Ar, plantas, água e cheiro característico de terra. Isto animou os viajantes fazendo voltar a alegria.
Um dia passou e uma nova manhã chegou. Analisaram a área e acharam-na livres, sem obstáculos.
A decisão foi tomada. As escotilhas foram abertas e os sobreviventes de Grim começaram a respirar a nova atmosfera.
Irka organizou os grupos e disse o que fazer, ou seja, iniciarem construindo os abrigos.
As crianças sorriam, brincavam e os grandes também sentiam esperança.
Vinus, um dos pilotos, se aproximou de Moluc e comentou:
--- Onde estarão os habitantes daqui?
--- Quando ouviram o barulho de nossa entrada devem ter fugido. Pelo jeito é uma tribo primitiva e naturalmente sentiram medo. Acredito que nem virão até nós.
Moluc estava certo. Realmente fugiram, mas até quando?
Os meses passaram, a pequena comunidade começou a tomar forma e a se integrar naquele pedaço da Terra.
Irka mantinha-se preocupada, achava que ainda teriam surpresas. Parte deles se recusava a pernoitar no acampamento e preferia ficar dentro dos pequenos navios.
O tempo passava e tudo parecia normal, dia a dia um novo progresso. A primeira casa, ali mesmo, uma segunda e o entusiasmo transpareciam. Um primeiro sistema de ensino e um local para culto, pois também acreditavam num Deus.
Com pequenos veículos vistoriavam o local. Os nativos começaram a surgir nas proximidades, mas sem chegarem até eles. Quando os focalizavam percebiam ódio em suas expressões. Mesmo assim, Kinra, Jafi e Nuc pediram licença a Moluc para tentarem um contato e partiram em busca de alguns deles.
Demorou muito para a aproximação, até que ela ocorreu.
Mostrando que não queriam fazer o mal, chegaram até a levar uma família para conviver na comunidade. Ficaram então sabendo que eram chamados Dropas. Moluc fez questão de aprender a língua deles.
Tudo corria bem, parecia que o primeiro passo havia sido concretizado, não fosse um incidente.
A família nativa acolhida pelos intrusos parecia muito feliz e gostava da convivência com eles. Aos poucos outros começaram a chegar e a bisbilhotar o acampamento ou pode-se dizer a pequena aldeia. Certo dia, porém, um jovem curioso entrou numa das naves. E como podia se esperar foi mexer em sistemas delicados que continham alta energia. Acabou sendo eletrocutado.
Espantados com o fato, sem nenhuma noção sobre aparelhos eletrônicos, tomaram o objeto como um ser maligno e conseqüentemente acusaram o grupamento alienígena.
Abandonaram imediatamente o local, novamente fugiram apavorados. A vítima era filho do chefe e por isto a repercussão tomou um rumo catastrófico.
Orgum, pai do jovem, convocou todas as demais tribos para se organizarem para a guerra. Atacariam os “cabeças grandes” como os chamavam.
Na comunidade, Moluc estava preocupadíssimo, mas esperava que os nativos entendessem. Ocorre que eles não conheciam máquinas e as naves eram gigantes perigosos.
Alguns dias se passaram. Devido ao distanciamento dos Dropas chegaram a acreditar estarem livres de um perigo imediato.
Engano, um alvorecer diferente surpreendeu a aldeia, totalmente cercada. Moluc tentou conversar com eles, mas foi o primeiro a ser morto, em seguida como uma avalanche que tudo destruía aquele exército atacou, matando, entrando nas naves e destruindo o que podiam. O povo de Grim, aqueles que conseguiam escapar pegavam suas armas de defesas e subiam nos pequenos transportadores também matando muitos e isto fez com que recuassem.
Aproveitando o momento de trégua os sobreviventes do massacre entraram nas naves para saírem dali, mas nenhuma delas funcionava, o estrago fora grande.
Não podiam nem mais as utilizar como abrigo, as escotilhas estavam danificadas.
Embora triste e lamentando a sorte, Irka se pôs á frente para organizar uma fuga. A pé e alguns montados nos “seres velozes”, nome dado pelos nativos, tomaram a direção das montanhas. Chegando lá encontram grutas muito grandes, capazes de os acolherem com certa segurança.
Vendo que os Dropas estavam afastados, voltaram ao acampamento para enterrar os mortos. E em várias viagens levaram tudo que era necessário para o novo local.
Homens, mulheres e crianças estavam apavorados, não sabiam o que lhes reservava o destino. Acreditavam que não sobreviveriam, sempre esperando um novo ataque.
Nessa angústia, Irka reunindo todas as suas forças, tentava dar ânimo ao pequeno grupo. Alimentos para sobreviverem havia, mas a vigília desgastava os corações cansados pelo sofrimento.
As semanas passaram, mas a ansiedade pelo amanhã sempre aumentava. Sentinelas se revezavam, vez ou outra também faziam tomadas da situação através dos pequenos transportadores. No entanto estavam sem combustíveis e se acaso um deles caísse, alertaria os inimigos.
Mas nada dura para sempre e o desfecho viria.
Irka recebera o aviso da sentinela, estavam vindo na direção deles. O sol ainda não havia surgido e aquele novo alvorecer talvez fosse o último. Reuniu seu povo e disse:
--- Não vamos nos iludir, estejamos preparados. Somos alguns poucos seres e por mais que lutemos, não vamos vencer a turba. Com certeza será o nosso fim. Portanto só nos resta pedir ao criador que nos ajude neste momento.
Não demorou muito e novamente a sentinela chamou a chefe e lhe disse:
--- Eles pararam na encosta e apenas está subindo um casal.
Qual não foi a surpresa de Irka ao vê-los entrar. Eram Vorung e Zina, os mesmos que viveram com eles e aprenderam a língua. Logo que a encontrou Vorung disse:
--- Não queria que tivesse ocorrido a guerra, mas desta vez viemos em paz. Trago um recado de Orgum.
Ele aceita que vivam aqui nas montanhas e reconhece que o filho foi imprudente.
A comandante parecia não acreditar no que ouvia. Junto com alguns outros de Grim desceu com o casal.
Orgum os recebeu bem e com sinais selou um entendimento com ela.
Depois de um contato amistoso, voltou para a caverna e deu um pouco de alegria ao seu pessoal.
Os seres de Grim viveram por muitos anos na região e sem atritos, mas o contágio com os nativos acabou causando-lhes um vírus que não puderam controlar. Primeiro foram as crianças, depois os mais velhos, no final todos acabaram perdendo a vida.
Prevendo a desgraça quiseram deixar mensagens da vinda deles para este mundo. Desenharam nas paredes das cavernas e enterraram alguns de seus mortos numas e retirando discos do sistema de controle e informação das naves registraram a história deles.

Observação do autor: Lógico que a história acima é pura ficção, mas foi baseada num fato que pode ter ocorrido realmente. Em 1938 foram encontrados em cavernas das montanhas que ficam na fronteira sino-tibetana 716 pratos de granito, furados no centro, com 2 cents. de espessura onde uma escrita circular foi parcialmente decifrada. Conta que alienígenas desceram com suas naves e não puderam decolar. Que foram atacados pelos nativos (os Dropas). Reforçando, desenhos nas paredes de homens com capacetes, linhas, estrelas, sol e lua também existiam e para concluir sepulturas em série, de seres pequenos e cabeças grandes. Estima-se que isto tenha ocorrido a 12.000 anos. Maiores detalhes, ver o Livro De Volta às Estrelas de Erich Von Däniken, Capitulo VII (Conversações em Moscou), de onde extraí este resumo.

ENIGMAS DA VIDA - Contos

ENIGMAS DA VIDA
Ildefonso Giuliani vivia muito bem com a esposa Marta e as duas filhas adolescentes Miriam e Maria Joana.
Na intimidade era conhecido por Ildo. Um pacato cidadão de quarenta e dois anos, estatura média, com início de calvície, falador, agradável e possuía até um certo carisma.
Na sua pequena cidade todos o conheciam, sua presença em fins de semana junto a amigos era comum, onde estivesse sempre havia um toque de alegria.
Nas segundas feiras tomava seu veículo e partia para visitar farmácias em muitas cidades. Era vendedor de produtos farmacêuticos.
Tudo corria como sempre até que certo dia durante uma viagem sentiu-se muito mal. Palpitações descontroladas, suor frio, dificuldade com o braço esquerdo fizeram com que ele parasse na primeira cidade e procurasse o pronto socorro.
A situação era séria, foi imediatamente internado e a família foi avisada. Marta e as duas filhas alugaram um Táxi e partiram imediatamente para Carmo da Serra, em duas horas estavam no Hospital Central.
O mal súbito de Ildo trouxe total intranqüilidade para a família. Recebera alta com severas recomendações do médico que o atendera.
O Doutor Jânio, conversando com Marta disse-lhe:
--- Seu marido está com séria lesão cardíaca, todo cuidado será pouco. Desculpe-me se falo desta forma, mas é urgente um tratamento.
Marta não entendera bem, ficou desnorteada e perguntou:
--- Poderá ele continuar trabalhando?
--- Talvez nunca mais possa, aconselho entrar em entendimento com a empresa e pedir aposentadoria por invalidez.
--- Doutor, então a situação é grave mesmo.
O médico confirmou, deu alguns medicamentos para controle imediato e orientou sobre as providências que deveria tomar. Também informou não ter dito nada ao paciente, preocupado em não piorar a situação, mas que aos poucos ele deveria ser informado.
Voltando para sua casa em Pedra Branca não deixou o marido dirigir, dizendo que ele estava sob sedativos. Para as filhas apenas falou que o pai não estava bem.
No dia seguinte, enquanto Ildo descansava, procurou o Dr. Celso, amigo e médico da família. Contou tudo a ele que imediatamente foi vê-lo.
O Dr. Celso também entendeu a gravidade do caso e o levou para internação. Depois de muitos exames, de algumas tentativas frustradas fez uma reunião médica onde foi definido que somente um transplante poderia salvá-lo; a operação teria que ser urgente.
Ildo era muito bem quisto e isto veio a ajudá-lo naquele momento. Nessa altura dos acontecimentos já estava a par da doença.
Fora dispensado da empresa, indenizado e os papeis de aposentadoria já corriam. Ao contrário do que se esperava ele encarou a doença com otimismo e achava que ainda não seria daquela vez que deixaria este mundo.
Entrou na fila de espera para o transplante.
Sua única tristeza era ter de ficar em sua casa e não participar mais das habituais festas.
Dessa forma ele passou três meses. Numa quarta feira de junho o Dr. Celso foi visitá-lo com a notícia:
--- Ildo chegou a hora de trocarmos o seu coração, o centro de transplantes de Japirã fará a cirurgia, temos um doador. Devido a urgência de seu caso você encabeçou a lista. Vou levá-lo para lá ainda hoje.
Em seguida deu instruções à Marta sobre tudo que deveria preparar.
Assim aconteceu, foram para Japirã e a cirurgia foi um sucesso.
Em poucos dias Ildo já se sentia outro, queria até sair do hospital, só não deixaram porque ainda precisavam acompanhar rejeições ao órgão.
No final, recebeu alta e o tempo passou. Alguns meses depois o ex-viajante sentia-se inteiro, perfeito, quase voltando à rotina antiga.
Cansado de não fazer nada, disse para Marta:
--- Já estou muito bem. Pedi aposentadoria por invalidez, mas eu posso trabalhar. O que não consigo mais é ficar inativo. E agora?
--- Ildo, Ildo, não invente moda. Ainda é cedo para recomeçar, só quando o médico disser que mais nenhum perigo existe. Continuou:
Estou vendo que você está querendo é viajar, pois então façamos uma corrida por todos os lugares onde você vendia.
--- Eu topo Marta, podemos ir amanhã. Bem, e nossas filhas? Estão na escola.
--- Elas podem ficar com a avó até voltarmos. Mas vou dizer desde já, eu vou dirigindo.
--- Não vejo a hora de pegar no volante. Eu dirijo o carro.
--- Veremos! Não vai não e se teimar nós ficamos.
--- Está bem Marta, você manda! Por enquanto!
Combinada a viagem, o casal alegremente colocou a bagagem no veículo, despediram das filhas e partiram um tanto sem rumo.
Ildo estava eufórico, depois de algum tempo entraram na primeira cidade.
Marta ficou conhecendo pessoas e lugares onde o marido costumava ir. Almoçaram num restaurante e depois, ainda no mesmo dia seguiram para uma outra localidade. E assim, ainda foram para uma terceira, onde pernoitaram.
Quando amanheceu já estavam de novo na estrada. O ex-viajante estava recordando e não deixava de ficar aborrecido, afinal nunca havia esperado que seu tipo de vida fosse interrompido.
Marta, percebendo, procurou distraí-lo e direcionou seus pensamentos para outras coisas. Assim, perguntou-lhe:
--- Para onde vamos agora?
--- Para Santana da Paz e depois para Serra Mestra?
--- E o que tem de interessante nelas?
--- Você vai gostar, há recantos maravilhosos, só que por hoje vamos apenas nas duas, teremos que andar mais de cem quilômetros.
--- Mas, não têm outras entre elas?
--- Não me lembro, parece que sim, mas não era do meu roteiro de visitas.
Chegaram em Santana, passearam e se divertiram e depois retornaram para a estrada.
Na metade do caminho de Santana para Serra Mestra, havia uma cidade cuja entrada era bem próxima à pista. Quando estavam perto Ildo comentou com a esposa:
--- Ora, não entendo, o nome é Pitangueira e me parece bastante familiar.
--- Quer dar uma entrada para conhecermos? Não estamos fazendo nada mesmo, não custa conhecê-la. Disse Marta curiosa.
À medida que o carro passava pelas ruas e vielas, mais lembranças do lugar iam surgindo, chegou até a ponto de falar para Marta que ao entrarem em determinada rua encontrariam o grupo escolar. O que de fato aconteceu.
Ildo começou a ficar preocupado, tinha certeza de nunca ter ido aquela cidade.
Ao dobrar uma esquina viu um homem que o deixou bastante estranho. A esposa observou a mudança de fisionomia e logo interpelou:
--- O que aconteceu? Você conhece aquele homem? Você ficou branco!
--- Olha Marta tenho certeza de que nunca o vi, por outro lado tenho também certeza de que o conheço muito. Será que a doença me perturbou? Isto é muito estranho.
Ildo deu mais uma volta com o carro e tornou a passar perto da mesma pessoa que permanecia junto à porta de um escritório. Uma vez mais afirmou para Marta que conhecia aquele homem.
Marta ficou preocupada e fez com que o marido saísse de lá e continuasse o caminho. Para acalmá-lo disse que já havia lido sobre tal tipo de acontecimento. Explicou que algumas vezes nossa visão adianta um pouco em relação ao raciocínio e provoca este tipo de coisa, ou seja, a impressão de já ter estado em determinado lugar.
Sabia que ela passava muito tempo lendo, por isto aceitou seu argumento.
Passaram toda uma semana viajando, divertiram-se e voltaram para casa.
Tudo corria bem, sem problemas.
Dez meses depois, certa noite, Ildo acordou assustado. Havia tido um pesadelo, sonhara com o homem do escritório. Estava numa estrada de terra onde havia uma grande pedra e nela a propaganda, Casa do Agricultor, em letras enormes; olhava para o escrito quando referido homem chegou perto dele puxou de uma arma e atirou em sua cabeça, ao cair viu que ele colocava o revolver debaixo da pedra.
Contou para Marta que não deu maior valor, dizendo que ele deveria deixar de comer antes de deitar.
Dali em diante o mesmo pesadelo sempre voltava.
Diariamente comentava com a esposa, reclamando da vida e do sonho que se repetia. Marta cheia de problemas acabou perdendo a paciência:
--- Veja se faz alguma coisa, agora você já pode, o Dr. Celso me disse que não há mais risco. Também não me aborreça mais com teus pesadelos, pense em outros problemas.
Ildo ficou magoado, quis responder, mas ponderou: - ela tem razão, está trabalhando no meu lugar, cuidando da casa, de mim e das filhas. Depois disse:
--- Bem Marta, você tem razão, vou viajar um pouco e ver se consigo fazer alguns bicos.
No entanto ele queria mesmo era desvendar o porquê de seus pesadelos. Não dissera a ninguém, mas começava a acreditar que a memória do doador estava nele.
Achava um absurdo, mas passou a acreditar que bastaria descobrir como morrera o homem que lhe salvara a vida para ficar livre dos sonhos.
Procurou o Dr. Celso, mas este nada sabia. Disse apenas que alguma informação talvez só no centro de transplantes em Japirã. Com receio de cair no ridículo não contou para o amigo o verdadeiro motivo da pergunta.
Foi a Japirã, mas nada conseguiu. A família do doador proibira informações.
Cada vez mais desconfiado de que seus pesadelos tinham a haver com o transplante, se empenhou em conhecer de uma forma ou de outra quem teria sido o doador, fixou seu pensamento nas imagens do sonho.
Resolveu voltar a Pitangueira e investigar.
Com base na data em que fora operado, procurou no arquivo municipal, jornais locais.
Não demorou muito para encontrar o que queria. Dois dias antes da data de sua cirurgia encontrou a manchete:
Mauricio Jonas Lutércio encontrado agonizante.
Verificando o jornal do dia seguinte viu a notícia sobre a morte do rapaz.
Pelo que constava não havia pistas sobre quem teria assassinado o jovem. O jornal dizia tratar-se de pessoa bem relacionada, que desfrutava de bom conceito.
Fazendo algumas perguntas ficou sabendo que a polícia não havia encontrado o assassino. Lembrou-se então do homem que lhe aparecia em sonho. Acabou descobrindo-o no mesmo lugar, seu nome: Antonio Justino Mafoto. Foi fácil, era dono de um cartório e seu nome estava numa placa frontal no prédio.
Associando sonho e fatos, entrou em várias pequenas estradas municipais procurando a pedra que via nos pesadelos. Encontrou-a, mas nem desceu do carro para procurar a arma.
Algo parecia lhe dizer para não perder mais tempo e informar a polícia. Com tal pensamento saiu de Pitangueira e voltou para sua cidade. Em sua cabeça tinha certeza de que o doador era a vítima e de que não precisava de maiores detalhes.
De sua cidade fez uma ligação anônima chamando o delegado de Pitangueira e disse-lhe:
--- É sobre a morte de Maurício Jonas Lutércio, sei quem foi seu assassino. Basta procurarem na estrada que vai para o Bairro Seco, mais ou menos na metade do caminho, encontrarão uma grande pedra e nela a propaganda Casa do Agricultor, debaixo da mesma tem um vão e lá encontrarão um revolver. As digitais nele deverão indicar pertencer a Antonio Justino Mafoto, o criminoso.
Poderia ter ido à delegacia, mas achou que se assim procedesse não surtiria o efeito desejado, acabariam julgando-o louco. Razão de optar por uma denúncia anônima.
Depois de alguns dias Ildo ficou sabendo sobre a prisão do culpado e que o mesmo confessara o crime.
O ex-viajante nunca mais voltou a ter qualquer sonho relacionado e sentiu merecer aquele coração.
Contou tudo para a esposa que acabou acreditando nele e no final lhe perguntou:
--- Será que era o espírito do rapaz?
Ildo pensou um pouco, depois respondeu:
--- Não sei, é um grande enigma. Não quero nem pensar e nem falar mais do acontecimento. Começaremos nova vida.

HONESTIDADE

A honestidade, vez ou outra aparece, temos visto pessoas com muita responsabilidade capazes de achar um dinheiro e devolve-lo ao dono. Quando isto acontece até a Televisão é acionada para mostrar o herói.
Necessitamos de muito mais. Se adolescentes e crianças fossem treinadas; poderíamos tornar fatos assim normais. Será que não é o momento de mostrarmos ao mundo outra face do brasileiro?
Tudo depende de orientação antes de qualquer atitude.
Uma experiência poderia ser colocado em prática:
Numa vasilha colocar-se-iam doces e objetos que crianças gostam, cada coisa com seu preço. Próxima uma sexta com dinheiro suficiente para trocos, sem ninguém para vigiar.
Se tudo correr com normalidade, cada criança comprará, pagará o objeto e até trocará o dinheiro se necessário.
Se os alunos estiverem motivados a agirem corretamente terá havido uma elevação de dignidade. Se for tomado a sério um processo deste tipo, aos poucos poderemos conseguir uma mudança de comportamento muito salutar. Você acredita nisto? Eu acredito!

DROGAS

Ninguém consegue acompanhar os filhos em todos os momentos. Esta é a causa principal na evolução do vício.
O hábito de ingerir drogas vem dos tempos antigos e os velhos são também responsáveis pelo que hoje acontece.
Começou com o fumo, com o cigarro. Lembro-me perfeitamente dos amigos que me forneceram o primeiro cigarro e, até hoje estou a enfumaçar por dentro e por fora.
A conversa é a mesma:
--- Experimente!
A diferença é que hoje drogas mais pesadas circulam nas mãos dos jovens, mas tenho certeza que o tipo de conversa é a mesma.
Por acharem que aquilo é apenas uma experiência embarcam na desgraça.
Voltam a repetir o ato e quando percebem estão no grupo dos narcóticos.
O resto é o que estamos vendo no dia a dia, sem precisar de maiores comentários.
Barbaridades são cometidas em função de uma atitude impensada que partiu da primeira vez que o usuário se dispôs a cheirar ou fumar um preparado que não faz parte da alimentação do organismo.
Agora estamos nesta luta contra as drogas, mas são os viciados que devem dar um basta e DIZER NÃO Á DROGA.
Quantos pais e mães se desesperam para verem seus filhos passarem para uma vida normal.
Será que não vale a pena alguém dizer:
--- Fui um viciado e hoje estou livre!
É necessário um trabalho muito grande. Principalmente na observação de atitudes em casa, na constante advertência para não entrarem para a lista de pessoas que tudo perdem na teima de continuarem a utilizar drogas. A consciência é deles e é necessário que caiam em si do absurdo que estão fazendo com o próprio corpo. Sempre é tempo de voltar a traz.

domingo, 12 de julho de 2009

UMA PEQUENA HISTÓRIA

Tudo o que quisermos podemos transformar num pequeno conto.
Minha filha é uma pintora das melhores, capaz de reproduzir na tela tudo quanto lhe vem à cabeça. Não poderia deixar de lado um acontecimento com uma de suas obras. Por sinal, como todas magníficas.
Ela transportou para a tela uma bela paisagem, capaz de levar aos sonhos. A finalidade: presentear sua tia.
A composição: um local onde temos até vontade de entrar dentro da pintura e viver naquela simplicidade do campo. Uma pequena casa numa elevação, ladeada por árvores floridas, um balanço, um coreto, uma cachoeira, um pequeno lago. Um parquinho e caminhos que levam para a bela casa. Dentro de toda beleza, desenhou um galo, uma galinha e três pintainhos, compondo o panorama.
Tudo perfeito, mas existe sempre alguém a examinar detalhes e o comentário partiu de seu tio.
--- O galo é gay!!!
Todos deram risadas, afinal “galo gay”! Mas por que?
Ele então explicou: a galinha nunca corre atrás do galo. E com isto a tela mostra um exemplar contrário à sua natureza.
Logo outra pessoa que também observava disse:
--- São os dias de hoje!!, Tempos modernos!!, ah!, ah!, ah!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Conselhos de uma Senhora de 92 anos

Dona Maria era uma senhora de 92 anos, elegante, bem vestida e penteada. Estava de mudança para uma casa de repouso, pois o marido, com quem vivera 70 anos, havia morrido e ela ficara só...

Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando uma atendente veio dizer que seu quarto estava pronto.

A caminho de sua nova morada, a atendente ia descrevendo o minúsculo quartinho, inclusive as cortinas de chita florido que enfeitavam a janela.

- Ah, eu adoro essas cortinas - disse ela com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho.

- Mas a senhora ainda nem viu seu quarto...

- Nem preciso ver - respondeu ela. Felicidade é algo que você decide por princípio. E eu já decidi que vou adorar! É uma decisão que tomo todo dia quando acordo.

Sabe, eu tenho duas escolhas: Posso passar o dia inteiro na cama contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem... Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem. Cada dia é um presente.

E enquanto meus olhos abrirem vou focalizá-los no novo dia e também nas boas lembranças que eu guardei para esta época da vida.

A velhice é como uma conta bancária: Você só retira daquilo que você guardou.
Portanto, lhe aconselho depositar um monte de alegria e felicidade na sua Conta de Lembranças. E como você vê, eu ainda continuo depositando.

Agora, se me permite, gostaria de lhe dar uma receita.

1. Jogue fora todos os números não essenciais para sua sobrevivência. Isso inclui idade, peso e altura. Deixe o médico se preocupar com eles. Para isso ele é pago
2. De preferência aos amigos alegres. Os “baixo astrais" puxam você para baixo.
3. Continue aprendendo. Aprenda mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa. Não deixe seu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é a oficina do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer.
4. Curta coisas simples.
5. Ria sempre, muito e alto. Ria até perder o fôlego.
6. Lágrimas acontecem. Agüente, sofra e siga em frente. A única pessoa que acompanha você a vida toda é VOCÊ mesmo. Esteja VIVO, enquanto você viver.
7. Esteja sempre rodeado daquilo que você gosta: pode ser família, animais , lembranças, música, plantas, um hobby, o que for. Seu lar é o seu refúgio.
8. Aproveite sua saúde. Se for boa, preserve-a. Se está instável, melhore-a. Se está abaixo desse nível, peça ajuda.
9. Não faça viagens de remorsos. Viaje para o shopping, para cidade vizinha, para um país estrangeiro, mas não faça viagens ao passado.
10. Diga a quem você ama, que você realmente o ama, em todas as oportunidades.

E LEMBRE-SE SEMPRE QUE: A vida não é medida pelo número de vezes que você respirou, mas pelos momentos em que você perdeu o fôlego ... de tanto rir ... de surpresa ... de êxtase ... de felicidade! Autor Desconhecido.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Consciência Cósmica

O existir está além da concepção humana, está presente em cada criança que nasce ou em cada velho que morre.
O nada inexiste e a dimensão da matéria é limitada.
A mecânica criadora de todos os seres é a evidência clara de que procedemos de um “organismo” macro, afluindo periodicamente para a vida como a conhecemos, como protuberâncias.
Somos sementes e somos frutos. Depois de maduros, envelhecemos, caímos e nos desintegramos. Nosso corpo retorna à origem. O ego se libera para uma dimensão fora do alcance de nossas interpretações.
Nenhum ser racional consegue pensar na extinção própria total, a razão não aceita, é impossível pensar no fim absoluto.
A alma é o complemento essencial da existência.
O pintor que pinta um quadro, o faz para si e principalmente para que outras pessoas o vejam. Seja em que arte for, o homem sente-se compensado com os elogios.
Para que serviria a magna obra celeste, se não houvesse a vida?
O Universo está repleto de “olhos” que se deslumbram diante das maravilhas que conhecemos e das que não conhecemos.
Seja na existência material ou na dimensional superior o “estar presente” foi e será motivo das construções das galáxias.
A lógica científica somente existe se apoiada no seguinte: DEUS VEIO DO NADA, DEUS É INFINITO, DEUS EXISTE, DEUS É ETERNO E DEUS É CRIADOR DO UNIVERSO.

Fim do Mundo - Crônica

O dia 17 de julho de 1994 foi marcante para o esporte brasileiro. O Brasil conquistava o tetracampeonato de futebol. A festa era única de norte a sul.
Nova moeda, o REAL, entrava em circulação e a população parecia contente com os rumos do País.
Enquanto a euforia dominava, há milhões de quilômetros, em nosso sistema solar, Júpiter recebia uma saraivada de rochas. Enormes blocos, vindos dos confins do espaço, se chocavam com o planeta gigante. Ao todo vinte e uma partes de um enorme “cometa” explodiram na sua superfície, sendo que apenas uma, se direcionada para a Terra, seria o suficiente para exterminar a vida em nosso mundo.
Em termos astronômicos, a distância que nos separa de Júpiter é relativamente muito pequena, assim, o desastre cósmico poderia ter ocorrido em nosso planeta, o que daria razão às predições sobre o final dos tempos.
Havia um dito popular: “1.000 passou, mas 2.000 não chegará”. Direta ou indiretamente apoiando esta crença, as religiões estavam sempre citando o Apocalipse, existindo algumas que propalavam abertamente que o fim estava chegando. Esta insistência fundamenta-se em escritos vindos da antiguidade, talvez fragmentos de sabedorias deixadas pelos povos antediluvianos.
Há milhões de anos que a Terra possui condições para a vida, no entanto o registro oficial não está muito além de 15.000 anos.
O dilúvio, fim dos tempos anteriores, levou para as profundezas a civilização da época. O violento cataclismo, motivado pela precipitação de um corpo celeste, ocorreu às vinte horas, no dia 5 de junho de 8.496 a. C. (1)
Dos povos que habitavam o planeta nada sobrou, a não ser alguns poucos sobreviventes, que voltaram ao primitivismo, cultivando na memória fatos recortados de um passado perdido. Lembranças que foram transformadas em lendas.
Exemplo disto, encontra-se nas literaturas em sânscrito, preservadas na Índia. O Ramaiana, o Maabárata e outras contam sobre guerras onde se usavam armas devastadoras, bombas nucleares, aviões e naves espaciais. (2) Mesmo que viesse a se tratar de simples ficção, em que os autores teriam se baseado para descrever efeitos que somente conseguimos entender após as explosões atômicas?
Embora nossa evolução tecnológica tenha aparecido somente neste século, o homem está preste a fazer viagens espaciais. Desenvolveu: armas, veículos terrestres e aéreos, computadores e uma infinidade de bens de consumo. Mesmo considerando que tenhamos chegado a este estágio após 15.000 anos, imaginemos o que será dentro de mais 10.000, se nada impedir o progresso.
Pois bem, voltemos então ao remotíssimo passado e suponhamos que a civilização extinta tenha permanecido 20.000 ou 50.000 anos sem sofrer os efeitos de uma convulsão global, obviamente poderia ter atingido patamares de desenvolvimento que sequer poderemos definir. Conseqüentemente seria detentora de uma ciência acima de nossos atuais conceitos, capaz de conhecer com muita segurança sobre a evolução dos “cometas”, de saber sobre prováveis impactos com a terra.
O choque do “cometa”, com Júpiter, foi considerado pelos cientistas como “o mais espetacular fato sideral já registrado pela história”.
Suponhamos que naqueles idos, tenha sido previsto que um desses viajantes cósmicos viessem a se chocar com a Terra. Embora a distante época, conhecimentos dessa ciência poderiam ter permanecido, permitindo a afirmativa de um fim.
Como o homem retomou ao primitivismo tribal, para daí novamente se reerguer, ele na ignorância readquirida destruiu muitas fontes do saber. Tão logo formou as primeiras nações, sua belicosidade aflorou nas guerras que até hoje marcam as histórias dos povos. Saques, destruição de livros, documentos ou objetos, enterraram páginas de conhecimentos.
O ocorrido em Júpiter deve não ter conotação nenhuma com a pretensão desta crônica, mas a hipótese de que no passado, por alguma forma, soubessem as causas de movimentação dos cometas, talvez também pudessem estimar as épocas de risco da humanidade, quem sabe até a marcação de um final dos tempos. Datação que atravessou milênios e deu origem às profecias ou lendas, acentuando o “apocalipse” em 2.000.
Um grande astro após o último planeta do sistema solar vem sendo procurado a muitos anos, podendo tratar-se até de uma pequena estrela de baixa luminosidade, se existir poderia influir no comportamento dos cometas. Talvez Nibiru citado pelos Sumérios a 6.000 anos, portanto, conhecida na antiguidade.
De qualquer forma, O FIM NÃO ACONTECEU e a raça humana usufruirá seu habitat por tempos inimagináveis.
(1)- Peter Kolosimo - Antes dos Tempos Conhecidos.
(2) - W. Raymond Drake - Deuses e Astronautas no Antigo Oriente.
Nota do autor: Nem tudo que nossa imaginação apresenta é realidade. Por vezes pensamos em fatos intrigantes que sentimos ter de propalar. Assim, embora possa ser absurda minha colocação sobre o acontecido, me pergunto: - teria algum fundamento? // Conforme nossa ciência Júpiter funciona como se fosse um imã para cometas que dele se aproximam devido sua força gravitacional. Por sua vez, aludido cometa orbitou o grande astro por algum tempo e as imagens da colisão foram colhidas por sondas. Mas e se houvesse um desvio na trajetória e ele acabasse se aproximando de nossa Terra? Honestamente parece uma suposição vaga, mas o texto se enquadra como ficção científica, razão de tornar possível até o impossível.

A Gruta Desconhecida - Conto

Luiz, curioso, jovem, ágil e sem medo, gostava de desvendar mistérios. Morava em Jatuiba, cidade cercada de montanhas.
Desde criança ouvia falar da Pedra Branca, uma enorme rocha incrustada no pico da montanha mais alta. O comentário era de que sobre a mesma existiam dois sulcos paralelos e entre eles uma cova com água e que esta nunca acabava. Ainda, que na parte mais baixa existia uma entrada que dava para um grande salão. Mais ainda, que toda sujeira que dentro se fizesse, no dia seguinte desaparecia. Também que penetrando por uma outra abertura interna havia um precipício tão fundo que uma pedra jogada nele não se ouvia o barulho de chegar ao fundo.
Resolveu organizar uma expedição. Entre os vários amigos, conseguiu formar um grupo de vinte rapazes dispostos a trazerem a tona a verdade sobre o local.
Filmadoras, máquinas fotográficas, chapéus com lanternas, muita corda, roupas apropriadas, alimentos e tudo o que fosse necessário para um resultado satisfatório foi providenciado.
Antes de partirem reuniram-se na casa de Alberto que conhecia arqueologia, era geólogo recém-formado. Um dos mais entusiasmado com a aventura. Todo material fora depositado na garagem de sua casa.
Para que a pesquisa fosse realizada com seriedade, os integrantes foram encarregados de algumas funções. Assim, Eurico cuidaria da alimentação, José Carlos e Chico das cordas e roupas, Marcos, Lúcio e Gustavo dos capacetes com lanternas e dos bujões a gás que serviriam para iluminação, Porfírio e Gino dos equipamentos para filmagem e fotos, Joaquim e Júlio das ferramentas e assim todos os demais também possuíam uma tarefa definida. O Luiz, autor da idéia, foi eleito coordenador geral.
Aquela reunião foi a última antes da partida, visto que cinco dias após todos se instalaram em quatro carros e rumaram para a serra da Pedra Branca.
Cerca de uma hora depois saíram do asfalto e entraram num caminho de terra muito ruim, solavancos é que não faltavam. Levou tempo para vencerem dez quilômetros e chegarem próximos à montanha.
Deixaram os carros e seguindo regras predeterminadas continuaram a pé pela trilha, muito íngreme, na direção do pico.
Quando começaram a andar sobre o platô estavam esgotados.
Descansaram um pouco, depois perceberam que ainda havia tempo para chegarem perto da famosa pedra. Alcançaram-na com um pouco mais de esforço.
Era enorme e completava o formato da serra. Logo viram ser verdadeiras as histórias dos sulcos, bastante visíveis.
Nessa altura já não agüentavam mais. Escalá-la ficou fora de cogitação. Foi quando Alberto, ainda muito disposto encontrou a abertura na rocha e observou:
--- Luiz, o que você acha de entrarmos agora para vermos se há possibilidade de dormirmos lá dentro?
--- É uma boa idéia, afinal viemos aqui para pesquisá-la.
Todos concordaram em entrar. Os bujões transformados em lampiões foram levados e ligados.
Não foi bem uma surpresa, mas realmente o local era grande e quadrado. Limpo, até parecia preparado para eles.
Comentando ser tranqüilo, que nada impedia de acamparem lá dentro, Luiz convidou a todos para descansarem e escolherem locais para dormir. Na oportunidade disse:
--- Vamos ver se amanhã tudo estará limpo?
Naquele primeiro dia, apenas um rádio que levaram quebrava o silêncio. Ninguém conseguia fazer outra coisa a não ser alimentar e descansar da fatigante caminhada.
Passaram uma noite sem mais novidades. De manhã a primeira coisa que foram verificar foi se a sujeira que haviam feito havia desaparecido.
Que decepção! Precisaram eles mesmos retirar os entulhos e promoverem uma certa ordem.
Todos acordados e dispostos à grande pesquisa de suas vidas, ouviram as palavras do coordenador:
--- Bem gente, até aqui tudo parece ter sido um sucesso, agora vamos procurar o tal precipício.
Verificando o local perceberam que não havia só uma fenda para pesquisarem, no total eram cinco “portas”.
Alberto tomou a frente, colocou seu capacete, acendeu a lanterna e junto com o grupo encarregado das filmagens optou pela primeira do lado esquerdo, mas logo voltou, dizendo não ter encontrado nada interessante.
Numa segunda, a mesma coisa.
A terceira, difícil de ser vista, precisava ser quebrada para permitir o acesso. O geólogo não pensou duas vezes, com uma marreta abriu a passagem. Feito isto, embrenhou-se por algum tempo e depois voltou entusiasmado.
Os que não entraram logo perguntaram:
--- O que foi Alberto, encontrou o abismo?
--- Não, mas encontrei algo muito mais interessante, venham comigo. Tragam toda iluminação, acho que lá dentro tem algo muito importante.
Iluminado o cômodo viram inúmeros desenhos talhados nas paredes com escritas desconhecidas junto a estalactites que desciam do teto.
Luiz perguntou ao geólogo:
--- Mas que língua será esta?
--- Parece sânscrito, tudo o que estamos encontrando refere-se a um passado remotíssimo. E tem muita coisa aqui, veja esta pilha de lascas quadriculadas, todas com desenhos, parece até que este lugar foi utilizado como uma espécie de biblioteca.
--- Será que tem relação com as pirâmides? Perguntou Júlio.
--- Não, parece ser muito mais antigo.
--- Então tudo isto deve valer uma fortuna. Disse Luiz.
--- Luiz a única coisa que podemos fazer é tirar muitas fotos de tudo, de cada detalhe para estudarmos depois. Quanto ao achado temos que comunicar ao governo e não fazermos qualquer alarde até que as autoridades venham. Pelo que percebi o que encontramos é sério demais. Não devemos revelar a ninguém. Inclusive quando sairmos colocaremos pedras tapando a entrada. Acredite, o que estamos vendo é provavelmente a maior descoberta arqueológica de todos os tempos. Temos que nos preparar para a imprensa e para as entrevistas.
Luiz entendeu o amigo e dirigindo-se a todos:
--- Viemos buscar uma coisa e achamos outra. Não podemos levar nenhuma das provas encontrada, tudo tem que ficar da mesma forma que estavam. Para concluirmos nossa expedição vamos apenas visitar rapidamente as outras duas portas e se nada encontrarmos voltaremos.
Na entrada seguinte, havia sim um abismo, mas sem interesse para exploração. Na última também nada que chamasse a atenção.
O grupo desceu a serra e rumaram para a cidade e conforme haviam combinado não disseram a ninguém sobre a descoberta. Quatro dias após, as fotos estavam reveladas e todos foram para a casa de Alberto.
Passaram os filmes na TV e as fotos correram de mão em mão, centenas delas. Durante todo o tempo, o entendimento parecia ser igual e o silêncio dominava. Foi Marcos o primeiro a quebrá-lo:
--- Não entendo nada de arqueologia, mas as fotos mostram uma história completa. Só não compreendo porque deixaram tudo isto desenhados em pedra, deviam ter uma tecnologia muito grande.
Foi Luiz quem respondeu:
--- Muito simples Marcos, qualquer outra forma de mensagem desaparece com o tempo, enquanto que, a pedra conserva.
--- Certo Luiz, as únicas mensagens que restaram dos tempos remotos estão nas rochas. O autor ou autores sabiam disto e logicamente queriam que um dia a verdade fosse descoberta. Falou Alberto.
--- Você consegue, nem que seja mais ou menos, nos fornecer uma idéia de tudo isto? Observou Luiz.
--- Bem, vamos colocar as fotos na ordem que as pedras estavam dispostas.
Vejam: a primeira delas mostra um planeta e o sol. Várias outras mostram um cotidiano, pessoas passeando, casais, casas, crianças, sol, mar, tudo num ambiente feliz. Em seguida vemos desenhos de agressões, de guerra, de aviões e até de naves espaciais. Em grande quantidade explosões de bombas cada vez maiores, por fim o planeta explodindo, depois os pedaços soltos e o sol. Numa das últimas um planeta com um satélite e o sol, obviamente a Terra.
Portanto, o que encontramos foi a história de um mundo igual ao nosso, que existiu entre Marte e Júpiter numa época em que o mesmo se encontrava no que é chamado anel da vida.
Gustavo ainda não havia participado da conversa e na primeira oportunidade disse:
--- Não compartilho de avisarmos as autoridades federais. É comum nesses casos esconderem a verdade o que nos obrigaria a ficarmos calados ou desacreditados se passássemos adiante tais informações. Não seria a primeira vez que este tipo de coisa acontece. Por outro lado, garanto-lhes que nossa descoberta não seja sensacional para muitos setores da ciência.
No interesse do desenvolvimento nuclear existe uma oposição a tudo aquilo que venha se colocar contra tal propósito. Poderíamos entrar em contato com uma TV e deixar para ela a incumbência de avisar o governo.
Depois deste comentário de Gustavo, todos se preocuparam. Colocada em votação a idéia, foi escolhido procurarem a televisão.
Antes porem, Alberto concluiu:
--- Com relação à nossa descoberta, particularmente observava tais fatos com muito ceticismo, no entanto agora sou obrigado a aceitá-los. Para ilustrar: encontrei na Internet algo sobre o assunto, no artigo que li diz o seguinte: “A descoberta de certos meteoritos no deserto de Karakum levou-os à conclusão de que Phaeton (o planeta em questão) como foi batizado não apenas existiu, mas desintegrou-se devido a explosões termonucleares talvez produzidas por uma civilização avançada”. (1)
A dedução a que cientistas chegaram fica agora, diante de nossos achados confirmada.
A favor de Gustavo há outra coisa, poderemos vender nossa descoberta para efeito de publicação, ganharemos um bom dinheiro.
Todos aplaudiram o posicionamento do geólogo.

Tempos Passados

TEMPOS PASSADOS - A PROCURA DA VERDADE - Comentário -
No campo da metafísica transcendem-se os obstáculos ao dar-se sentido a alguns fatos ocorridos; as explicações parecem fáceis dentro do abstrato quando procuramos o passado remotíssimo.
Através do fundo místico religioso as lendas, os hieróglifos, os monumentos de civilizações perdidas e outros achados arqueológicos mostram sempre a fé dos povos em divindades.
Até hoje as fábulas de gigantes e de magia encantam as crianças. De geração em geração foram cantadas e contadas e ninguém sabe de onde surgiram. Não deixam de ser ecos do passado.
Os livros mais antigos ou sagrados, ainda não foram totalmente revistos e traduzidos para uma linguagem técnica.
Encarar o firmamento como a morada de Deus é um hábito milenar, enraizado nas mentes, mesclando o imaterial com o material, inibindo em muitos a visão da realidade. Por outro lado não devemos relegar a um segundo plano, em nenhuma hipótese, a alma e o espírito. Somos temporários sobre a face da Terra e a enorme força interior que possuímos, mostra que algo mais existe e que devemos acreditar nela. Portanto, DEUS não se discute, está acima de tudo, aceita-se sem questionar.
A pesquisa física de nosso planeta é constante nos círculos da ciência. Inúmeras respostas foram obtidas, mananciais extensos e riquíssimos superlotam bibliotecas e computadores. O homem possui hoje acesso a uma gama de conhecimentos nunca antes imaginado, no entanto o remotíssimo passado da Terra é uma incógnita, cujo campo de estudo ainda tem que ser teórico e hipotético.
Conhecermos a Terra é na realidade procurarmos nossa origem, se fomos formados no barro deste planeta ou se somos frutos de sementes colhidas em outros mundos. Não é fácil dizer que Darwin esteja com a razão como também não é fácil provar o contrário.
Nos achados arqueológicos há evidências da presença do homem em épocas quase inimagináveis. Excluindo extraterrestres, podemos pensar que civilizações sucederam civilizações. Um biorritmo onde o homem sempre estaria a recomeçar depois de grandes extermínios, por cataclismos ou por outros motivos.
Nas pirâmides, nas ruínas de templos, nos desenhos em grutas ou pedras, nas ossadas ou objetos encontrados em minas de carvão o homem esteve aqui. Marcas sobre a superfície ou abaixo dela não deixam de evidenciar variação cultural, ora para um primitivismo ora para um conhecimento elevado.
Hipóteses cientificas sempre foram, são e serão discutidas. Muitas teorias, a principio irrefutáveis, vieram a cair por terra, enquanto outras se firmaram como realidade, mesmo assim temporariamente até novas evidências.
Vejamos o requintado trabalho de Darwin, repleto de referências aos ancestrais do homem. Uma galeria de monstros que de certa forma se encaixam na configuração humana. Um suceder de espécimes que sugerem uma linha segura até nós.
Mérito lhe seja dado, na época que apresentou seu estudo, o mundo ficou surpreso. A polêmica foi grande, principalmente dos religiosos que não admitiam a origem do homem baseado no macaco.
Darwin esquecera do principal, o cérebro, o humano possui 1.500 a 1.600 centímetros cúbicos, fator decisivo da inteligência, enquanto os crânios de seus homens apresentavam capacidade para 600 ou 700 centímetros cúbicos (1). Resumindo, não passavam de animais. Perde-se assim o elo de importantes achados arqueológicos com a raça humana. De qualquer forma será sempre através deste tipo de procura que chegaremos um dia à verdade.
Deus fez o homem do barro, mas pode ser que não foi do barro deste planeta. Portanto, podemos também procurar sua origem entre bilhões de astros, especialmente em algum que possua semelhança com a nossa Terra. Nesse lugar poderia não ter havido periódicas destruições, motivando uma estabilidade por milênios sem fim, capazes de permitir a evolução até ao estágio inteligente. Depois disto foi a semeadura e conseqüente origem humana.
Há setenta bilhões de anos o nosso mundo era habitado pelos dinossauros que de repente foram dizimados. Façamos uma hipotética encenação dessa época.
Visualizando, encontramos um MUNDO EM CONVULSÃO.
Vulcões por toda parte, animais monstruosos, um céu escuro despejando raios em profusão, um sol cambaleante avermelhado; três luas, a mais próxima, enorme, levantando e se pondo quatro vezes no mesmo dia, brilhando sinistramente através da densa camada de fumaça e cinzas. Dinossauros e outros monstros dando urros infernais. Lavas jorrando e formando rios. Arvores milenares, descomunais, tombando carbonizadas diante da natureza em revolta.
De repetente a grande lua se fragmenta, uma chuva de fogo precipita sobre o planeta, as geleiras polares são sacudidas no encontro com rochas incandescentes, vulcões são abafados, maremotos e terremotos sacodem montanhas e elas deslizam como montes de areia.
Toda vida sucumbe, nada sobra, a não ser um novo solo, livre até da vegetação. É o nascimento de um mundo mais pesado. As luas que sobraram e o sol foram únicas testemunhas da tragédia.
Os monstros pré-históricos existiram provavelmente devido a radiação e suposta baixa gravidade. Com a queda de uma das luas, o grande cataclismo.
Com o aumento da densidade, a pressão atmosférica também aumentou, conseqüentemente a gravidade se alterou, passando a reter uma atmosfera mais abrangente. Com a repentina mudança, a glaciação tomou conta. Depois, novamente a vida vegetal e animal ressurgiram. Milhões de anos correram, até a casa do homem ficar pronta, ... mas, onde ele estava?
Dirão:
--- Só temos uma lua!
A outra pode ter causado o que chamamos DILÚVIO.
Talvez não fosse tão grande quanto a primeira, mas também foi suficiente para aumentar um pouco mais o tamanho do planeta e numa hipótese remota: provocou a extinção dos gigantes.
Estranho, mas se pensarmos nos grandes marcos ainda presentes na superfície, principalmente as construções com pedras descomunais que somente homens muito fortes poderiam removê-las, pode muito bem ser um ponto de apoio para pesquisar. A Terra está repleta de mistérios.

(1) PETER KOLOSIMO - ANTES DOS TEMPOS CONHECIDOS

Retorno a Origem

A população da cidade espacial representava um grupo especial de humanos cuja única opção era a vida dentro da grande nave.
Sobreviventes da maior guerra que assolara o planeta, para não dizer desertores, partiram em fuga, sem destino, numa viajem estelar sem rumo.
Os habitantes que participaram de batalhas não mais existiam e os descendentes diretos estavam velhos. Os filhos assumiram comandos operacionais procurando sanar falhas em equipamentos, organizando aprendizado infantil e adulto, cuidando do sistema alimentar e de todo o complexo interno.
Sabiam que não poderiam permanecer eternamente dentro do navio, mais cedo ou mais tarde teriam que descer em algum mundo que lhes dessem condições de vida. Pelo registro, já haviam alcançado quatro sistemas, mas em nenhum deles um planeta semelhante à Terra.
Em dois mundos o clima favorecia, mas a pressão era insuportável. Num terceiro havia uma superpopulação adiantadíssima de seres muito estranhos. No último o estágio era muito primitivo. Apenas retiraram elementos essenciais para manutenção dos equipamentos.
Sunil jovem e capacitadíssimo, estava no comando geral por merecimento. Conhecia cada palmo da astronave e todo o processo de funcionamento. Sobressaia-se também pelo seu porte atlético.
A cidade vinha apresentando problemas cada vez mais difíceis de solucionar. Os habitantes dobraram e os processos químicos de manutenção alimentar estavam deficientes. Revoltas em alguns setores faziam parte da rotina. Também pudera, as normas internas de controle da natalidade e de cuidados essenciais não vinham sendo atendidas. Quatro mil homens, mulheres e crianças tomavam todos os espaços existentes. Uma pequena nação que não podia expandir.
O comandante precisava organizar a situação. Mas como, o próximo sistema, apesar de cobrirem as distâncias acima da velocidade da luz, ainda demoraria muito para ser atingido. E se não existisse condição de acomodação como acontecera antes?
Sunil estava tenso maldizendo a existência. Fatimah sua assessora imediata, vendo o rapaz naquela situação resolveu interferir. Encontrando-o diante do sistema de análises resolveu dar sua opinião:
--- Em vez de ficar irritado, vamos pensar juntos para resolvermos, tenho certeza de que encontraremos uma saída. Tal como você não consigo dormir.
O rapaz ouviu a moça e fez um ar de quase intolerância, em seguida lhe disse:
--- Então o que devo fazer? Isto aqui está preste a explodir.
--- Bem, não querendo ditar atitudes, penso que não devemos continuar esta viagem sem destino. O rastreamento não funciona na velocidade em que estamos, portanto não há possibilidade de sabermos se há ou não condições para a vida no próximo sol.
--- Ora Fatimah! Devemos então parar e esperar nosso fim?
--- O que é isto Sunil? Você é considerado o mais inteligente de bordo e esta é sua resposta?
Simplesmente deveremos voltar para nossa origem. Lá muitos milhares de anos já se passaram e a Terra parece ser nosso único lugar.
O jovem pensou, voltou a examinar os registros antigos e depois chamou a moça e lhe disse:
--- Tem razão Fatimah. Não sabemos o que vamos encontrar, mas realmente é o melhor caminho. Levará um longo tempo para a volta, mas com grande possibilidade de dar certo. Chame o conselho, não vou esperar um minuto mais. Está decidido, nosso destino será a Terra.
Fatimah saiu apressadamente e convocou os lideres para uma reunião de emergência.
Na sala própria, sete homens e cinco mulheres ocuparam seus lugares junto à grande mesa e aguardaram o comando.
Não demorou a que Sunil e Fatimah chegassem.
Frente ao grupo, o comandante expôs a proposta. Em seguida os debates se sucederam e finalmente após um bom tempo Srinag representando a opinião de todos perguntou:
--- E quanto aos nossos inimigos Lemurianos? Poderemos ser dizimados como ocorreu às outras três cidades (1).
--- É um risco, mas na terra já se passaram muitos milhares de anos. Depois isto poderia ter ocorrido quando a astronave deixava o sistema. Conforme consta, a destruição foi quase total, na realidade parece que todos perderam, há observações nos relatórios muito importantes. E continuou:
Nuvens de fumaça e detritos cobriam quase que totalmente o globo. Todos os tipos de armas foram utilizados. Também a natureza se rebelou e ao que parece cidades e nações inteiras foram tragadas devido à idiotice humana.
Analisei os fatos, um deles é que a nossa fuga não foi pela presença do inimigo, mas principalmente diante da catástrofe provocada.
O conselho voltou a confabular e depois a aprovação do retorno foi unânime. Em seguida Sunil expôs as condições para que o objetivo fosse alcançado. A principal delas: um rígido controle de natalidade. A preservação dos equipamentos e a manutenção de alimentos vinham em seguida.
No final observou:
--- Se chegarmos a Terra, nós que aqui estamos, seremos velhos, mas este objetivo não deve ser mudado. A próxima geração irá se beneficiar, portanto tudo deverá ser feito para vencermos a distância.
Um grande passo a decisão, o navio foi colocado em posição de retorno e a viagem de volta teve início.
O tempo passou, a cidade apesar dos problemas técnicos e sociais mantinha sua rota. Pararam apenas num dos planetas já visitados, para o abastecimento. Depois continuaram diretamente até que a conhecida estrela se fez presente.
Sunil, como dissera, estava um velho junto com a esposa Fatimah. Ambos passaram a vida cuidando dos habitantes, conseguiram manter o equilíbrio e sentiam-se felizes.
Urashi, filho do casal, passara a comandar a astronave e foi quem deu a notícia.
Acionado os dispositivos visuais, a Terra e a Lua tornaram-se visíveis na holografia. Não demorou em que cidades e populações fossem mostradas para centenas de técnicos, membros do conselho e principalmente para o comando.
Antes de se aproximar da Terra e orbitá-la, Urashi instruiu total diminuição da velocidade e convocou o conselho para as decisões.
Pediu ao pai e a mãe, muito idosos, mas lúcidos, que tomassem seus lugares e iniciassem a reunião.
Sunil, não se fez de rogado, embora nada tivesse dito, queria aquilo.
Sem nenhuma cerimônia começou:
--- Era jovem quando resolvemos voltar, não vou falar dos amigos que não estão presentes, mas do que acho que devemos fazer agora.
O momento não é de nenhuma precipitação, primeiro temos que orbitar a Terra por um bom período, tomar conhecimento de tudo que ocorre. É óbvio que uma grande civilização domina o planeta. Observei que a topografia está muito mudada, da Lemúria e da Atlântida sobraram apenas alguns poucos vestígios.
Sobreviventes criaram um novo tempo e ao que tudo indica caminham da mesma forma que nossos antepassados. São inúmeros os satélites existentes. Como puderam ver, localizamos naves primitivas visitando planetas do sistema. Infelizmente focos de guerra são evidentes nas primeiras tomadas de superfície. Armas nucleares já existem, vimos sinais de uso recente, portanto aconselho a ativarem todas as nossas defesas. Poderemos receber ataques, apenas nos
protegeremos, mas não destruiremos a nova Terra.
Nosso principal trabalho será o de colhermos informações, inclusive o de aprender as novas línguas. Nossa presença na superfície terá que ser através da diplomacia. Tenho certeza que procurarão nos contatar. Se estiver certo e considerando a mesma índole de antigamente os chefes de governo procurarão conseguir de nós os segredos tecnológicos que possuímos, segredos que nunca iremos revelar.
Nossa vinda para cá será apenas para descermos e viver como todos os mortais.
Quanto à nossa cidade, após sairmos deixaremos os controles programados para retorná-la vazia ao infinito.
Sunil depois de observar sobre uma série de cuidados passou a palavra para o filho.
--- Bem, apoio integralmente o que meu pai disse. Nada vou acrescentar, portanto, o assunto está em discussão.
A decisão foi rápida, sem qualquer adição suplementar e a grande nave se aproximou do planeta e ficou em órbita.

Na Terra jornais do mundo inteiro falavam do grande OVNI, fotografado em todos os ângulos e exposto junto a grandes manchetes. As opiniões divergiam, realmente era a primeira vez que visitantes do espaço se mostravam tão às claras.
O assunto era muito sério, na ONU representantes das nações debateram o assunto. Como resultado optou-se pela tentativa de contato com os alienígenas. O envio de mensagens ou de naves deveria ser tentado. No entanto o medo de um ataque estava claro e o representante da maior potencia do planeta disse:
--- Meu país aguardará duas semanas, se não houver alguma forma de aproximação que partam deles, nossos mísseis com ogivas nucleares serão lançados sobre o UFO.
Embora a não unanimidade de concordância sabia-se que executariam a ação.

Urashi observava imagens e sons de toda parte, no entanto nenhuma das línguas que ouvia faziam sentido. Embora todo esforço técnico, de imediato não havia meio de traduzir o que diziam na Terra.
Não pensava que fosse tão difícil, tentara comunicação por sinais, logo descartados, os aparelhos da superfície não captavam. Era cedo para o envio de representantes, queria primeiro dialogar, mas como?
Ordenou que o escudo de proteção fosse mantido permanentemente bem como todo sistema de defesa, até encontrarem uma forma racional de contato.
Os dias passaram e após quase um mês, Waheda chefe do estudo das línguas se apresentou ao comando. Urashi vendo o rapaz bastante entusiasmado entendeu que havia alguma novidade:
--- Comandante, acredito ter encontrado a resposta estudando as nações orientais. Não vai demorar, está faltando pouco para que possamos montar o quebra-cabeça, existem semelhanças de nomes.
--- E como faremos para contatar a Terra?
--- Conseguimos entender o processo de comunicação deles, está quase pronto um transmissor.
Waheda estava argumentando quando a sirene invadiu todos os cantos da cidade. Não demorou em ser avisado por Bahari, chefe da segurança, que às pressas comunicou que a nave seria atacada com ogivas nucleares.
Urashi não se surpreendeu, simplesmente observou:
--- Bahari, apenas destrua os mísseis sem deixar resíduos radioativos. Não revide, esperava isto, poderão até tentar novamente. Um a um os mortíferos petardos foram eliminados bem antes de atingirem o escudo.

Na superfície os jornais não perdoaram e com manchetes que tomavam página inteira: FRACASSO TOTAL DO ATAQUE NUCLEAR – UFO PERMANECEU IMUNE.
No Departamento de Defesa o tumulto generalizado marcava um dia de muita confusão. Centenas de mísseis lançados foram destruídos sem reação nuclear e transformados em massa neutra desconhecida.
Um total recuo das ações bélicas partiu da grande potência, era preciso estudar novas estratégias.

Urashi estava pronto, depois de aprender a falar um idioma da Terra, mérito de Waheda, tomou lugar frente a um equipamento desenvolvido na urgência da situação. Mandou fosse acionado e começou:
--- Somos viajantes do Cosmos voltando para o lugar de onde saímos. Viemos para ficar...
Depois de explicar detalhadamente a ligação dos habitantes da nave com o planeta, disse estarem cansados do espaço e que apenas desejavam descer para partilharem a existência na superfície.
O comunicado, embora com falhas, foi no linguajar indiano, mas bem entendido.
A surpresa espalhou-se pelo mundo, esperava-se no vídeo um ser diferente igual aos inúmeros alienígenas mostrados em revistas especializadas, nunca um ser humano.
Utilizando linguagem hindu, algumas nações enviaram mensagens para o acolhimento deles e o pedido para visitarem a astronave. Jornais de toda parte também solicitaram permissão para enviarem fotógrafos.
Apesar da pretensão de alguns povos, não houve unanimidade de intenções. O que parecia ter sido uma explicação satisfatória levantou suspeitas e provocou uma aliança entre os paises de maior tecnologia.
Antes de tomarem qualquer decisão uma série de reuniões entre os líderes começaram a serem realizadas. O motivo embora não fosse do conhecimento popular era simples: possuíam em seus arquivos secretos os dados históricos da grande guerra. Trazê-los para a Terra poderia não ser o melhor caminho. Por outro lado, a captura de uma nave como aquela representaria um avanço sem precedentes e isto passou a fazer parte das conversações.
Enquanto isto, Urashi calculou oportuno, respondeu dizendo às nações dispostas ao contato que enviassem um representante. Quanto ao pedido da imprensa, disse que apenas um homem poderia vir fotografar a cidade desde que sob acompanhamento.
Por outro lado referidos governos não dispunham de meios para chegarem até à cidade espacial. Pediram ajuda aos grandes, mas a negativa foi a resposta. Assim, em declarações conjuntas disseram estarem impossibilitados de cumprirem o propósito, mas que gostariam de irem se viessem buscá-los.
Na cosmonave as táticas de guerra ainda permaneciam. Logo foi percebido que nem tudo estava bem. O conselho mantinha-se em reuniões permanentes. Não podiam enviar naves para buscar os interessados, fora da base poderiam ser abatidas. Cinco dos doze membros optaram pelo atendimento e que se fossem atacados que revidassem. O que não foi aceito pelo comandante.
--- Não podemos chegar iniciando uma guerra, observou Waheda.
--- Estamos habituados a viver aqui dentro. A única coisa que poderemos fazer será nos defendermos. Daremos tempo ao tempo. Tenho certeza de que sabem perfeitamente quem somos, garanto-lhes que não será tão fácil nossa ida sem hostilidades. Desde já lhes digo, se for para tomarmos a força um espaço entre eles, seria preferível não termos voltado. Comentou Urashi.
--- Por enquanto a solução temporária será mantermos vigilância. Disse outro membro.
--- Este será o caminho até perceberem que nossa intenção é a melhor de todas. Continuaremos a enviar mensagens até se convencerem que nenhum risco existe, completou Sunil.
Na Terra uma verdadeira guerra nas estrelas estava sendo preparada. Cientistas estudavam uma maneira de penetrar o campo protetor da cosmonave, praticamente invisível. O tempo passava e sondas eram enviadas contornando o grande objeto, mas em vão conseguiam descobrir as instalações internas, nem com sistemas de ultra-sons instalados. A única coisa possível foi o dimensionamento do campo através de fotos em infravermelho.
As mensagens chegavam diariamente sempre mostrando a boa intenção deles. Não eram respondidas, mas o real desejo da superpotência não era mais a destruição da cidade e sim sua capitulação. Para isto, depois de estudo detalhado, estavam desenvolvendo projeteis que julgavam capazes de penetrarem a barreira.
Quatro meses correram e o impasse continuava.
Uma grande fábrica de material bélico conseguiu desenvolver os protótipos cujo teste só poderia ser realizado num ataque direto.
Duas sondas com tais armas foram imediatamente enviadas. Os mísseis assim preparados continham explosivos simples cuja destruição seria mínima, pois a finalidade era apenas demonstrar ao povo da Atlântida que não estavam seguros.
A prova foi um sucesso, a entrada no invólucro se deu sem maiores problemas e as explosões ocorreram na carcaça da astronave.
O departamento de defesa comemorou antecipadamente uma vitória, afinal haviam vencido o obstáculo.
Diante do acontecido, Urashi imediatamente chamou os responsáveis pela vigilância:
--- Como deixaram isto ocorrer?
Bahari estava quase em pânico diante do fato, não havia registro de ataque daquele tipo. Titubeante respondeu:
--- Honestamente não sei o que dizer. Nosso sistema não reagiu, não houve tempo de procedermos à destruição antes do impacto.
--- Resta-me uma alternativa: a intimidação. Concluiu Sunil continuando:
Prepare a nave para incursões rápidas, não desceremos no planeta, mas faremos demonstrações de nossa capacidade. Antes levantem a posição de todos os satélites com fins militares, vamos destruí-los.

No centro de coordenação militar, logo após confirmarem o inegável sucesso da missão científica conjunta, os governos dos paises responsáveis se uniram para transmitirem uma mensagem.
Bronson, bastante à vontade e liderando o grupo disse, dirigindo-se a Urashi:
--- Entendemos o seu propósito, compreendemos a intenção de terem uma vida em comum conosco. Para isto, estamos dispostos a acolher todos a bordo. Resta-nos oferecer-lhe um acordo, quando quiserem poderão descer ou poderemos até trazê-los para a Terra. Em contrapartida gostaríamos de usufruir a astronave e a tecnologia que possuem.
Quando ouviram tal mensagem, até a população da cidade espacial ficou indignada, quanto mais o comando. Para eles aquilo era um absurdo, mas Urashi segurando sua ira respondeu:
--- Não pensem que por invadirem nossa proteção conseguiram alguma vitória. Não tenho a intenção de declarar-lhes guerra, não voltamos para isto, mas nunca em nenhuma hipótese lhes entregaremos nossa nave bem como nossa tecnologia. Não preciso manter nenhum segredo do que farei. Eliminarei todos os satélites militares em órbita, nosso campo será aumentado centenas de vezes e nada realmente nos atingirá. Não queria isto, mas me obrigam a agir assim.
Para finalizar, se descermos para a Terra, já está planejado que esta nave será enviada para o vazio sideral com tudo que está dentro.
Ao ouvirem a resposta, a cúpula tecnológica desabou.

Na cidade espacial, o comandante fez das palavras ação. A astronave até então obscura no firmamento tornou-se uma “estrela” muito brilhante, chegando a ser vista durante o dia. Seu deslocamento era tão rápido que parecia acender e apagar em pontos diferente. Um a um os satélites mencionados foram destruídos e os fachos de luz em várias direções podiam ser vistos através dos telescópios. Em seguida aproximando-se das grandes cidades, clareava a noite transformando-a em dia. Em frações de segundo mudava de lugar. O povo do planeta se encolheu de medo, logicamente pensando que seriam destruídos.
Diante do fato, os grandes choravam o prejuízo e se arrependiam, mas era tarde. Foi então a vez de Urashi voltar a falar, depois de colocar o navio na posição anterior.
--- Se quisesse poderia destruir a todos, mas novamente vou repetir, nosso objetivo é simplesmente descer sem qualquer tipo de armas e viver como humanos. Não quero fazer isto a revelia, também não é nossa intenção procurarmos outro planeta condizente com a Terra, o que não é fácil. Se assim fosse não teríamos voltado. Estou consciente de que não fiz nada de errado ao destruir os satélites que só trazem insegurança para vocês. Mesmo que não seja o momento oportuno volto a convidar os representantes de cada nação para virem, precisamos definir nossa ida para a superfície. Volto a dizer que aceito apenas um fotógrafo para as fotos e não tragam qualquer aparelho de espionagem.
O chefe da grande nação e o grupo aliado reconhecendo não possuírem condições de levarem avante o plano, optaram pela aceitação do convite. Acabaram concluindo ser o melhor caminho, pelo menos a temerosa astronave seria afastada do planeta para sempre, uma vez que o comandante se propunha a fazer isto. Numa declaração conjunta em indiano concordaram em se unirem aos demais governantes e fornecerem as condições para a viagem. Na oportunidade pediram permissão para levarem tradutores portáteis para se comunicarem.
Urashi aceitou e observou que os incidentes deveriam ser esquecidos e também que levassem para ele um tradutor, seria oportuno para que pudesse dialogar com todos.

Alguns dias se passaram, dois ônibus espaciais foram lotados com amigos e inimigos. Fizeram como fora pedido, apenas chefes de estado seguiram até a órbita da enorme astronave.
Quando estavam se aproximando viram como era gigantesca.
Estavam procurando uma forma de abordarem o fantástico objeto, quando braços mecânicos seguraram os transportadores e os recolheram.
Mais de trezentas pessoas deixaram os veículos e sentiram-se como na Terra, gravidade, ar e boa temperatura.
Seguiram pela extensa plataforma, logo, um educado homem solicitou que o acompanhassem.
Passaram por uma triagem de identificação, em seguida foram levados ao refeitório onde se alimentaram e descansaram.
Depois de algum tempo Waheda fez o convite para entrarem no salão de conferências menos o jornalista, explicando a este que tudo lá dentro seria transmitido. Em seguida chamou Arvin, já instruído, para que levasse o rapaz para as fotos.
Enquanto isto, os presidentes entraram e tomaram lugares frente a um palco onde Urashi os esperava. Após se acomodarem, começou:
--- Agradeço a presença de todos.
É com intensa satisfação que hoje finalmente posso me comunicar com vocês. Sinto não poder falar o idioma de cada um, no entanto, acredito ser possível através dos tradutores portáteis, inclusive fui presenteado com um.
Estamos voltando ao nosso mundo, muito diferente daquele da época de nossos bisavós, razão da demora no contato. Quase nada sobrou dos idiomas da época, foi preciso estudar com rapidez algumas raízes de nossa língua, por isto estou usando o indiano.
Estamos voltando de uma viagem na velocidade da luz e até acima. Encontramos quatro sistemas estelares, mas em nenhum um planeta igual ao nosso. Resolvemos então parar, ou melhor, retornar para nossa origem.
Sei que não é segredo para vocês que naves em tal velocidade, entram no espaço tempo, conseqüentemente na Terra trinta mil de anos se passaram.
Em realidade, somos os mais antigos humanos vivos e nossa proposta é simples. Queremos apenas um lugar entre vocês, não levaremos nenhuma arma, nosso navio será desativado e encaminhado para algum lugar no infinito. Sei que já disse isto, estou apenas repetindo para que não reste nenhuma dúvida.
Neste ponto da explanação Bronson não se conteve:
--- Mas uma tecnologia como a de vocês não pode ser desperdiçada assim. Poderíamos ter um avanço sem precedente.
Urashi, entendendo o posicionamento através do tradutor, observou:
--- Sr. Bronson, nossos ancestrais destruíram totalmente a vida deste planeta. O conhecimento, a guerra precisa ter limites. Temos a bordo armas tão poderosas que transformaria a Terra em asteróides como aconteceu com Maldek. O poder e a belicosidade só levam ao sofrimento e no final ao fim da espécie.
Outro representante de nação, Sr. Vasques, indagou:
--- O que poderia nos dizer com relação aos arsenais nucleares que existem.
--- É muito triste, foi o princípio do fim da nossa civilização. Os cientistas foram estudando e se empenhando cada vez mais no aperfeiçoamento bélico, desenvolveram uma tecnologia de morte incrível e acabaram utilizando-a, o resultado foi o que já disse. Mas respondendo à sua pergunta, desfaçam de tudo, joguem fora, desativem as bombas e vivam.
Aproveitando a oportunidade das perguntas, foi a vez do Sr. Lambert:
--- Mesmo que desçam sem armas, sem a nave, o que nos garante que não informem a alguma nação os segredos que possuem?
--- Sr. Lambert, a pergunta é muito oportuna.
Nenhuma nação deve se preocupar com isto. A única coisa que cada um de nós sabe é o processo de apertar botões e as funções deles. Todo conhecimento dos primeiros que moravam nesta cidade desapareceu. Tecnologicamente sabemos menos do que qualquer habitante do planeta. Por outro lado, se soubéssemos, nunca, em nenhuma hipótese, transmitiríamos para o futuro.
Uma outra pergunta partiu do Sr. Giovani:
--- Vocês gostariam de ficar num único lugar?
--- Não. Não queremos formar nenhuma colônia, preferimos que nossas famílias sejam distribuídas pelo mundo todo.
Quase todos os chefes de estado questionaram o comandante.
A reunião durou várias horas e no final até o dia de seguirem para a Terra ficara decidido.
Transportadores da própria nave fariam a entrega das famílias e os últimos seriam resgatados por um ônibus espacial da Terra para que nenhuma peça ficasse no planeta.
Apesar das fracassadas tentativas a superpotência ainda mantinha-se relutante, mas também concordou.
Os governos se comprometeram em fornecer para os habitantes da astronave acomodações definitivas. Verificariam locais e enviariam dados para favorecer o transporte.
Um mês após a reunião se concretizava o objetivo de Sunil.
Tudo preparado, transportadores nunca vistos, paravam a poucos metros do solo, as pessoas desciam e eram recebidas com festas.
Assim terminou a grande epopéia do antigo povo.
Tudo ocorreu da maneira que queriam; logo após os últimos habitantes saírem, o grande navio foi programado para um pulo no cosmos, marcando definitivamente o fim de um tempo e o magnífico começo de outro.

(1) Conforme o Livro Deuses e Astronautas no Antigo Oriente de W.Raymond Drake: referência às três cidades espaciais destruídas conforme consta no Drona Parva, pág. 690 – (Lendas Indianas). No conto acrescentei uma quarta cidade.