sábado, 20 de junho de 2009

O que Acontecerá?

Ando com insônia, dor de cabeça, não sei o que fazer!
Diariamente faço uma caminhada pela manhã. No dia 3 de setembro, quando realizava meu habitual percurso, portanto, há cerca de dois meses participei de uma experiência fantástica.
Por mais que penso ter sido um sonho, uma alucinação, enfim algo que me levasse a uma espécie de transe, não consigo aceitar. Eu vi, estava lá!
Simplesmente andava pelas ruas ainda desertas de minha cidade, pois não eram nem seis horas, estava escuro e o trânsito era muito pequeno. De repente aquilo aconteceu.
Não vi luz, não vi nada. Apenas como num passe de mágica, fui depositado num lugar ermo, plano e sobre mim um céu azul. A planície era ampla, de terra, sem horizonte, parecia sem fim. Estava perdido no meio do nada. Sentia medo, mais ainda quando um ser estranho apareceu perto de mim. Sua cara quase igual a da tartaruga. Olhava-me assustado. Foi o primeiro a falar e, por absurdo que pareça, entendi perfeitamente:
--- O que é você? Quem é?
Olhando aquilo e já imaginando tratar-se de um ET, com muito esforço lhe respondi:
--- Sou da Terra.
--- Terra? O que é isto?
Percebi então que estávamos no mesmo barco.
Acalmei, procurando forças lhe disse:
--- Acho que fomos trazidos para cá de nossos planetas.
Menos surpreso, mas inseguro, começou dizendo que não acreditava que houvesse vida em outros lugares, só no seu mundo.
Enquanto começávamos a nos entender, outras espécies, sempre diferentes foram aparecendo.
Cerca de duas centenas se aglomeraram naquele lugar.
Eu e Korac, o cara de tartaruga, passamos a nos entender.
Depois de algum tempo as surpresas desapareceram, percebi então as formações mais esquisitas que jamais pensara.
Seres baixos, altos, gordos, finos, numa reunião que parecia vir dos contos de fábulas.
Ninguém mudou do lugar, esperávamos alguma coisa acontecer.
Não demorou para uma voz ecoar:
--- Vocês estão no Centro Galáctico, foram trazidos para serem alertados. A partir de agora, conhecerão vários sistemas estelares e planetas habitados. São inúmeras as civilizações, mas somente vou lhes apresentar algumas sem representação aqui, porque elas seguem procedimentos corretos de vivência.
Em seguida aquele céu foi escurecendo e uma infinidade de estrelas surgiu. Uma penumbra se formou e um homem se elevou sobre todos nós, simplesmente suspenso no ar. A vós que ouvíamos partia dele.
O misterioso personagem então ergueu o braço e apontou uma delas e a mesma foi aumentando como um radiante sol, em seguida os planetas de sua família. Um deles se sobressaia pelo belo azul que emanava. E assim várias foram mostradas. Em todas o espetáculo se repetia, sempre com centralização nos planetas.
Terminada a apresentação, voltou-se para os presentes e disse:
--- Nos planetas que viram reina a paz e a vida sobre eles é abençoada. Isto acontece na grande maioria das estrelas.
Todos entenderam o significado de tais palavras.
Enquanto parecia haver uma pausa, Korac me disse:
--- Por que ele se apresenta como sendo de meu planeta?
--- Eu o estou vendo como se fosse da Terra! Respondi prontamente.
Após um curto espaço, o estranho ser voltou a falar:
--- Agora vamos ver o mundo de vocês.
O interessante era que à medida que as estrelas aproximavam, os planetas habitados não pareciam belos. Uma tonalidade vermelha mesclava-os. Ao ser mostrada a Terra, disse a Korac:
--- É o meu mundo de guerras e misérias.
Não demorou e foi mostrado o dele, ficava na oitava órbita de uma grande estrela. Praticamente Korac repetiu a mesma coisa que eu havia dito, como a desabafar.
Após o desfile daqueles mundos o céu voltou ao normal, bem como a claridade do ambiente.
O homem ainda sobre nossas cabeças voltou a falar:
--- Viram um pouco do Universo. Entenderam que a vida não está apenas em seus planetas. Perceberam que seus mundos apareceram numa cor diferente. O motivo é porque estão marcados para a aniquilação. Isto já teve que ser feito algumas vezes, sempre com alguns sobreviventes para que houvesse entendimento e convivência de irmãos, mas nunca perceberam. Desta vez não sobrará ninguém.
Fiquei chocado com aquelas palavras e gritei:
--- Não!!!
Imediatamente a mesma palavra foi repetida por todos, como se fosse um único grito, inclusive do meu amigo, que completou:
--- Por que?
Como a responder a pergunta aquele estranho homem continuou:
--- Como não bastasse se destruírem em guerras, resolveram alterar a criação, principalmente na partícula mais importante que é o átomo, e, antes que destruam a grandiosa obra que lhes deu a vida, a eliminação é a única solução.
Depois destas palavras nada mais falou.
Por várias vezes me apalpei no sentido de entender se aquilo estava acontecendo.
Olhava para meu companheiro, observava as demais formas que perambulavam e via aquele homem sempre a nos observar.
Não sentia fome ou qualquer outra necessidade física.
Lembrava perfeitamente que estava caminhando e depois, mais nada.
Não perdi a consciência, sequer imaginava porque fora escolhido.
Convencido de que estava numa dimensão acima de minha capacidade de raciocínio, pensava:
--- Por que eu, um simples habitante da Terra, por que não foi levado um dos responsáveis?
Foi então que novamente o homem se pôs a falar:
--- Cabem a vocês conseguirem evitar a destruição de seus mundos. Não se preocupem, descobrirão os meios.
Segundos depois, da mesma forma que fui levado, me vi no mesmo local de quando caminhava e o movimento era intenso. As horas haviam passado.
Eram quinze horas quando entrei em casa.
Rita, minha esposa, logo veio ao meu encontro, muito nervosa.
--- Faz tempo que estamos procurando por você! Saiu daqui antes do sol nascer e só agora aparece! Conta esta história direito!
Já estava muito tenso, mais ainda diante do estardalhaço dela. O pior, já estava imaginando coisas.
--- Calma Rita, vou lhe contar tudo, mas me dê um tempo. Preciso descansar um pouco, estou com dor de cabeça.
--- Calma? Sei! Quer tempo para inventar alguma coisa! Tudo bem! Vou esperar!
De fato, como contaria a ela o acontecido? Era o pensamento que mantinha enquanto realmente procurava descansar um pouco e refletir. De repente me lembrei do escritório da fábrica, não havia ido ao trabalho e nem justificado.
Acabei dormindo, acordei com a algazarra de minhas filhas que voltavam da escola.
Foi quando Rita se aproximou com fisionomia raivosa e me interrogou:
--- Nardo, já descobriu a desculpa que vai dar? Fiquei sabendo, nem no serviço você foi. O que significa isto?
Estava brava e assim ficara difícil contar-lhe, mas precisava desabafar.
--- Nem sei como lhe contar.
--- Contando, ora!
Contei a ela detalhadamente a situação fantástica que passara.
Como havia pensado, sua reação foi pior do que esperava.
--- Se aí não tem mulher, você vai a um psiquiatra!
--- Você sabe que nunca traí você. Não tem nada de mulher. O que lhe contei é verdade, também não é alucinação! Disse-lhe irritado.
Nem continuou a me ouvir.
Insistir no assunto com Rita seria pior. Assim, no dia seguinte quando voltou a comentar sobre o acontecido, apenas confirmei minha história. Dessa vez até me surpreendi, parecia acreditar, mas logo entendi: --- Pensou que eu estava passando por uma crise mental e insistiu para que fossemos ao médico. Percebendo que devia mudar de tática concordei:
--- Bom Rita, deve ser o stress. Vou comunicar a empresa de que por problema de saúde precisarei me afastar por uma semana.
--- Então concorda em ir ao médico?
--- Sim Rita, mas não ao psiquiatra. Conversarei com o Dr. Castro e pedirei um atestado.
--- Ótimo Nardo! Vou com você.
O médico me examinou, fez testes e concluiu que apenas necessitava de um descanso. Receitou-me tranqüilizantes e disse para não me preocupar.
Era o que queria, um tempo para tentar fazer alguma coisa.
Em casa, com a desculpa de higiene mental disse que continuaria a caminhar. Procurei rebater toda a preocupação dizendo estar bem.
Resido em Apolândia, uma pequena comunidade com cerca de vinte mil habitantes, onde todos conhecem todos.
Lembrei de meu amigo Gilberto, era dono de uma pequena loja e sempre estava lá. Precisava de alguém para me ouvir, lhe pedi reserva e contei tudo.
Não esqueço de sua reação de descrédito, achou que estava brincando com ele e, quanto mais tentava lhe explicar mais se aborrecia. Deixei a loja, decepcionado, primeiro fora minha mulher, depois ele!
Continuando minha caminhada, encontrei o Japira, bom amigo, mas não muito confiável. Acabei por revelar a ele o meu problema e não demorei em sentir seu desdenho. Aconselhou-me a procurar um médico.
Como imaginara, Japira não pensou duas vezes, espalhou que eu estava “lé-lé”. Que raiva!
Passei a ouvir brincadeiras de mau gosto, chacotas que me deixavam vermelho de vergonha. Na minha cidade não tinha mais condição de conversar com ninguém, fiquei em casa. Para completar, Rita nem me dirigia a palavra, as brigas tornaram-se freqüentes.
Por mais de uma vez ouvi dela acusações, ataques e agressões morais que já não estava suportando.
Nardo, vou internar você! Não vê que esta sua besteira está me envergonhando? Suas filhas estão sendo alvos de insultos. Não Pensa na família?
Naqueles poucos dias passei a ficar calado, não conversava com ninguém. Quando por necessidade entrava em contato com outras pessoas sentia que me evitavam.
A licença terminara, voltei ao trabalho. Acreditava que no local de serviço deixaria de ouvir acusações.
Entrei no recinto, sentei frente ao computador e já ia iniciar minha tarefa quando a chefia me chamou:
--- Leonardo, estamos sabendo de seu caso. Disse Patrício gerente do setor, continuando:
Por ser você um dos mais eficientes funcionários, a diretoria me orientou a lhe antecipar as férias. Nesse período deverá se cuidar e acabar com o diz-que-diz sobre sua pessoa. Tudo bem?
--- Vocês decidiram, vou aceitar.
Na minha cidade me afastei de todos, não toquei mais no assunto.
Quanto mais os dias passavam, mais necessidade de transmitir o ocorrido se fazia constante em minha cabeça. Resolvi então ir para Hipotinga, a cidade mais próxima, incomparavelmente maior do que a minha, com cerca de duzentos e cinqüenta mil habitantes.
Fui com meu carro, contrariando Rita. Chegando estacionei no centro. Saí do veículo e comecei a andar na procura de algum lugar, onde pudesse transmitir o que sabia ser uma obrigação. Estava sem destino, mas ao passar perto de uma imponente igreja pensei:
--- Um padre é a solução.
Entrei e sentei-me num dos bancos. Havia um bom número de pessoas e numa das laterais, uma pequena fila de fiéis se posicionavam para confissão. Resolvi me juntar a eles e fiquei aguardando minha vez. Assim, tão logo me ajoelhei disse ao padre:
--- Não vim confessar, apenas quero conversar com o senhor.
--- Está bem meu filho, aguarde que logo que terminar aqui, lhe atendo.
Fiquei próximo e esperei. Algum tempo depois saiu e me deu sinal para acompanhá-lo até à sacristia. Ofereceu-me uma cadeira e se dispôs a me escutar.
A medida que fui contanto o fato, seu semblante foi mudando e irritado me interrompeu:
--- Para falar sobre OVNI? Tenha paciência! Tenho muito mais o que fazer!
Saí derrotado. Algo me dizia que devia continuar. Numa rua próxima do centro entrei na sede de um jornal, lembro que o nome era “Nossa Época”, fui atendido cortesmente. Escutaram minha história e no final disseram:
--- Não serve como artigo, prejudicará nossa reputação.
Fui em mais três e aconteceu a mesma coisa.
Acabei indo às duas rádios locais e também me decepcionei, em nenhuma hipótese quiseram colocar o assunto no ar.
O tempo havia passado, estava faminto, fui para um bar e me alimentei. Enquanto descansava um pouco refleti de que nada adiantaria nova tentativa. Mais abatido do que nunca deixei o estabelecimento com o firme propósito de voltar para casa. Enquanto seguia para onde deixara o carro passei por uma pequena loja de artigos esotéricos. Uma tabuleta dizia “Madame Cleópatra entende seu problema”. Paguei para ser ouvido, pelo menos alguém me deu atenção do princípio ao fim, mostrando-se extremamente compreensiva. Apenas interesse no dinheiro.
Naquele resto de férias, as brincadeiras diminuíram e retornei para o trabalho com normalidade.
Resolvi apenas abrir esta página na internet na esperança de que conheçam a verdade e a transmitam. Não me façam sentir que falhei!

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