terça-feira, 23 de junho de 2009

Uma Viagem Absurda

Quem tenha assistido ao filme: “O incrível homem que encolheu”, por certo achou a película interessante. Foi exibido há muitos anos, mais ou menos entre as décadas de cinqüenta ou sessenta. Trata-se de uma história simples: um homem sofre uma estranha radiação nuclear e começa a encolher sem parar, durante todo processo o raciocínio e movimentos não são afetados bem como a característica física. A história não teve fim, na última cena ele aparece pequeníssimo, do tamanho de um inseto, lutando pela sobrevivência.
Bem, por que não dar um fim para a história? Afinal, ele continuaria a diminuir sempre. Assim, vamos chamá-lo de Steves e acompanhemos sua peregrinação.

SEGUNDA PARTE:

Estava abaixo do último degrau de uma escadaria, num porão que ninguém entrava.
O tempo continuou seu ritmo e a cada dia precisava reduzir mais seus trajes, alimentos não lhe faltavam, fagulhas deles existiam por toda parte, como enormes flocos de iguarias.
Em mais uma semana, nenhum trapo o cobria. Havia se conformado com a sorte. Até então, lutara e vencera, com isto adquiriu confiança em si e sequer se assustava com a seqüência de sua vida.
Entrara numa fase terrível, a todo instante precisava usar da inteligência contra monstruosas bactérias.
Steves só não entendia o porque de ainda viver, assim, um pensamento dominou-o, teve certeza de que pararia em algum lugar. Percebera que se continuasse a diminuir, entraria na matéria e ali encontraria a fim.
Sua odisséia continuou e a certa altura não sentiu mais necessidade de alimentação. Foi quando o processo acelerou e aquilo que lhe parecia um pequeno mosaico logo se transformava numa grande plataforma e assim iam acontecendo as situações.
Espaços apertados se alargavam rapidamente, estava entrando nas cavidades moleculares.
As moléculas tais como cristais reluzentes foram aumentando sempre e ele começou a cair num imenso vazio. Luzes fortíssimas passaram a formar um conjunto inconcebível. Não permaneceram por muito tempo, o luzeiro foi se distanciando dentro de um espaço escuro.
Sempre caindo, percebeu que aquilo que via nada mais era do que um novo Universo, onde os átomos se distanciavam e formavam estrelas. Na dimensão que entrara, os giros vertiginosos dos elétrons em torno dos núcleos foram diminuindo, até fornecerem a visão de um conjunto sideral.
Sem saber porque fim, seu corpo lhe pareceu uma grande nave rumo a um lugar desconhecido.
Não se surpreendeu quando sentiu os raios de uma estrela, menos ainda quando deparou a sua frente com a esfera azulada de um astro que a orbitava.
Já era bem menor quando passou pela atmosfera e caiu mansamente sobre a relva a beira de um riacho.
Cansado de tudo, do seu estranho destino, levantou-se cambaleante, procurou se abrigar entre grandes pedras e deitou-se. Dormiu por muito tempo, sem pensar no que lhe acontecera.
Quando acordou viu que estava no mesmo lugar, sentiu-se normal, o processo havia parado. Tinha fome e pela primeira vez depois de tanto tempo percebera voltar a ter a estatura antiga e também que estava nu.
Encontrava-se num mundo igual ao dele, com sol e estrelas a noite. Ficou algum tempo no seu esconderijo, mas precisava sair.
Sorrateiramente foi se esgueirando, de repente ouviu vozes de crianças, ficou escondido e concluiu que o local era habitado por pessoas iguais a ele, mas de linguajar diferente.
Steves conseguiu roupas num varal que encontrara, se vestiu e dali em diante, fingindo-se de mudo, integrou-se ao novo povo.

Não temos poder para ver o começo, tampouco para ver o fim do Universo, mas no reino das hipóteses tudo é permitido.
Os sistemas estelares podem se equivaler aos átomos. Nos primeiro as estrelas são os centros de energia e carregam consigo planetas, nos segundos os núcleos atômicos fazem o mesmo papel enquanto elétrons giram ao redor.
Será possível comparar o exposto com os números?
Os números são infinitos tanto na ascendência quanto na descendência. Assim, poderia haver universos dentro de universos?

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